Por Mbembu Buala
A oposição planeia nomear oito civis, incluindo três mulheres, para integrar um conselho de transição no Sudão. E Abdullah Hamdouk, ex-secretário-executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, deverá ser proposto como primeiro-ministro, segundo uma fonte da Aliança pela Liberdade e pela Mudança, a principal coligação de opositores, citada pela agência de notícias Reuters.
A avançar, este plano da oposição deverá ir de encontro à proposta que o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed apresentou durante a sua visita ao Sudão, na semana passada, e pode ajudar a ultrapassar o impasse político entre o conselho militar e os manifestantes.
Abiy propôs um conselho de transição de 15 membros composto por oito membros civis e sete oficiais do Exército.
Militares “detidos”
A tensão no Sudão aumentou na semana passada na sequência de uma onda de repressão militar, que causou mais de 100 mortos.
A oposição respondeu com uma campanha nacional de “desobediência civil”, que começou no domingo (09.06) e deixou a capital Cartum quase deserta, com barricadas.
Manifestantes sudaneses montaram barricadas nas ruas – pedem aos militares para passarem o poder aos civis
Manifestantes sudaneses montaram barricadas nas ruas – pedem aos militares para passarem o poder aos civis
“Estas barricadas são uma forma de proteção contra os ataques perpetrados pelas forças militares enviadas para oprimir o povo sudanês. A revolução está em curso e os métodos pacíficos de resistência continuam. Acredito que o caminho revolucionário seguido desde dezembro alcançará o seu objetivo – seja esta noite, daqui a um mês ou daqui a um ano”, disse Khaled Omar, líder da Aliança pela Liberdade e pela Mudança.
O Conselho Militar anunciou, entretanto, que os culpados pela violência contra civis serão responsabilizados e confirmou a detenção de “vários” soldados.
Denúncias da oposição
Esta segunda-feira (10.06), segundo dia de desobediência civil, foi notório, tal como anunciado pelo Conselho Militar, o reforço da presença das forças de segurança nas ruas da capital. Além disso, houve um “apagão”.
Fonte: DW