
Mais de 16.000 moradores assustados fugiram de uma cidade atingida pela agitação na região de Papua, na Indonésia, informaram os militares na segunda-feira, depois de uma das mais mortais vagas de violência dos últimos anos ter provocado pedidos de uma investigação independente.
Várias dezenas de pessoas foram mortas quando a violência eclodiu na cidade de Wamena, no mês passado, com algumas vítimas queimadas vivas quando os prédios foram incendiados e outras esfaqueadas durante o caos instalado, segundo as autoridades.
Desde meados de agosto, a Papua é atingida por ondas de protestos em massa e violência alimentada pelo racismo contra papuanos indígenas por parte de indonésios de outras partes do arquipélago, além de apelos à autonomia da região empobrecida.
A maioria dos papuas é cristã e étnica melanésia, com poucos laços culturais com o resto da Indonésia, de maioria muçulmana.
De acordo com relatos da força aérea, cerca de 11.400 pessoas – a maioria migrantes – foram evacuadas a bordo de aeronaves militares e vários milhares deixaram a região desde o final de setembro.
Também na segunda-feira, a Human Rights Watch pediu que uma investigação sobre 33 mortes que ocorreram durante os distúrbios de Wamena fosse liderada pela Comissão Nacional de Direitos Humanos do país do sudeste asiático.
“O governo indonésio também deve permitir imediatamente ao departamento de direitos humanos das Nações Unidas o acesso irrestrito a Papua para investigar a situação”, afirmou o grupo de direitos humanos em comunicado.
A violência em Wamena teria sido provocada por comentários racistas feitos por um professor local em relação aos estudantes, mas a polícia contestou esse relato.
Desde então, milhares de moradores – tanto papuanos quanto não-papuanos – foram evacuados, à medida que circulam notícias sobre a violência iminente nas redes sociais.
Em agosto, protestos eclodiram em Papua e em outras partes do país após a prisão, abuso racial e uso de gás lacrimogéneo contra dezenas de estudantes de Papua, na cidade de Surabaya.
Os migrantes tornaram-se uma minoria influente em Papua, mudando-se para outras partes do país em busca de oportunidades na região rica em minerais – lar da maior mina de ouro do mundo.
Uma insurgência separatista está ativa há décadas na ex-colónia holandesa – que compartilha a ilha da Nova Guiné com a nação independente da Papua Nova Guiné – depois de Jacarta ter assumido o controlo na década de 1960.
Uma votação patrocinada pela ONU para permanecer no arquipélago em 1969 foi amplamente vista como uma fraude, e Jacarta há muito recusa realizar outro referendo.
Fonte: e-global
© 2019 THE VOICE OF CABINDA – MBEMBU BUALA, PELA VERDADE E JUSTIÇA – CABINDA ACIMA DE TUDO E DE TODOS