
Quando chegou à chefia do Estado e do Governo em Setembro de 2017, o Presidente João Lourenço tinha como um dos seus grandes desafios o investimento estrangeiro em Angola. O então novo Presidente da República sabia que a superação da grave crise económico-financeira do País passaria pela massificação do investimento estrangeiro em Angola, um processo que, se
realizado, facilitaria, por sua vez, a diversificação da economia de Angola.
Acontece que, transcorridos poucos mais de 2 anos, o investimento estrangeiro massificado e alavancador da economia nacional não é uma realidade. Os dados oficiais são eloquentes em indicar que os investidores estrangeiros continuam relutantes em investir em Angola. A que se deve tal relutância?
A resposta é simples: Angola não possui um bom clima de negócios.
O que é o clima de negócios? É um conjunto de condições infraestruturais, industriais, económico-financeiras, administrativas, políticas e outras que favorecem a realização de todos os tipos de negócios, tanto para agentes económicos locais como para estrangeiros.
Quando um país possui um bom clima de negócios, o crescimento económico se torna uma realidade, pois, se torna palco de todos os investimentos possíveis em todos os sectores da economia.
Segundo o Ease of Doing Business Ranking 2019 (Índice de Facilidade de Negócios 2019), do Doing Business, os 25 países com o melhor clima de negócios são (1) Nova Zelândia, (2) Singapura, (3) Hong Kong, (4) Dinamarca, (5) Coreia do Sul, (6) Estados Unidos, (7) Geórgia, (8) Reino Unido, (9) Noruega, (10) Suécia, (11) Lituânia, (12) Malásia, (13) Ilhas Maurícias, (14) Austrália, (15) Taiwan, (16) Emirados Árabes Unidos, (17) Macedónia do Norte, (18) Estónia, (19) Letónia, (20) Finlândia, (21) Tailândia, (22) Alemanha, (23) Canadá, (24) Irlanda e (25) Cazaquistão.
Num universo de 190 países, os acima citados são os 25 melhores em matéria de clima de negócios. O que dizer de Angola?
De acordo com o ranking em referência, os 25 países com o pior clima de negócios a nível mundial são estes: (166) Burundi, (167) Camarões, (168) Bangladesh, (169) Gabão, (170) São Tomé e Príncipe, (171) Sudão, (172) Iraque, (173) Afeganistão, (174) Guiné Bissau, (175) Libéria, (176) Síria, (177) ANGOLA, (178) Guiné Equatorial, (179) Haiti, (180) República do Congo, (181) Timor-Leste, (182) Chade, (183) República Democrática do Congo, (184) República Centro Africana, (185) Sudão do Sul, (186) Líbia, (187) Iémen,
(188) Venezuela, (189) Eritreia e (190) Somália.
Angola é dos piores países do mundo para fazer negócios. Na verdade, está entre os 25 piores, os 20 piores e os 15 piores. Só não está entre os 10 piores por pouco. Está na cauda. Ocupa os piores lugares.
O facto de o Iraque, o Afeganistão, a Guiné Bissau, a Libéria e a Síria estarem à frente de Angola é elucidativo.
Os investidores europeus, americanos e asiáticos não investem em Angola em proporções industriais, porque fazerem-no implicaria correrem viários riscos.
Angola simplesmente não oferece garantias de que os investimentos a serem feitos terão retorno. Daí que, por mais que João Lourenço se esmere em discursos de atracção de investimento estrangeiro para Angola, os investidores simplesmente relutam.
Compreender a realidade de um país com mau clima de negócios como Angola não é difícil. São abundantes as evidências de um país desorganizado, com baixo nível industrial de produção e distribuição de energia e água, estradas esburacadas, inflação galopante, corrupção astronómica, tráfico de influência, caos económico, tragédia social e um sistema judicial sem credibilidade.
Levará tempo para que os investidores estrangeiros realizem negócios em Angola, que continua a ser um Estado-anedota.

Texto de Nuno Álvaro Dala