“ALEMANHA NÃO DEVIA FORNECER ARMAS” A ANGOLA, ADVOGA ONG.
A Chanceler Angela Merkel chega na sexta-feira. Presidente angolano reafirmou o interesse em barcos-patrulha. Mas a ONG alemã Pão para o Mundo pede que o governo e empresários sejam cuidadosos ao investirem no país.

O ponto central da visita da chanceler alemã, Angela Merkel, a Angola serão as relações políticas e económicas bilaterais. As reformas económicas e o combate à corrupção promovidos pelo Presidente angolano, João Lourenço, são vistos com bons olhos e devem receber apoio do Governo alemão.
Pouco mais de 20 empresas alemãs estão presentes no país e o comércio bilateral é considerado pequeno. Mas há espaço para aproximação e devem ser assinados acordos económicos durante a visita da chanceler alemã a Luanda, na sexta-feira (07.02).
Para Petra Aschoff, responsável do Programa África Lusófona da organização não-governamental alemã Pão para o Mundo, Berlim deve ter em mente o respeito às leis angolanas e convenções internacionais para garantir que possíveis investimentos alemães não voltem a beneficiar apenas as elites angolanas.
“Tem realmente de pesquisar quem está por trás [de determinada] empresa, quais são os doadores dessa empresa, quais são as leis angolanas, quais são as leis internacionais que possivelmente podem [vir a] ser violadas”, recomenda.
“Essa obrigação é muito importante: a obrigação de, antes de assinar os contratos, saber quem está por trás de uma empresa. E não dizer, depois de dois anos, como é o caso da Krones AG agora, ‘finalmente vimos que a Isabel dos Santos está por trás da empresa'”, avalia.
Essa é uma das informações que veio a lume com o escândalo “Luanda Leaks”. Segundo a imprensa alemã, dinheiro público alemão teria ajudado a enriquecer a empresária angolana.Transparência e justiça”São grandes valores que saíram do país só na Presidência do ex-Presidente [José Eduardo dos Santos]. Por isso, é bem claro que pessoas que estão ligadas a ele estão por trás desse escândalo”, afirma, acrescentando que, “com certeza, não é só a família do ex-Presidente ou a pessoa de Isabel dos Santos, são outros também e é importante que outras [pessoas] que estão ligadas a esses negócios também sejam julgadas”.
“Nesta situação, a Alemanha não devia fornecer armas. Como vai a Alemanha garantir que os barcos não vão ser usados militarmente para clarificar esse conflito em Cabinda?”, pondera a responsável Pão para o Mundo.
Em Luanda, a chanceler Angela Merkel será recebida pelo Presidente João Lourenço e deverá ainda discursar na abertura do Fórum Económico Angola-Alemanha.
Dw