O APELO DE NELINHO TUMA AO POVO DE CABINDA

Cabinda

por @mbembubuala,  MARÇO 02, 2019

Fonte: Folha 8

Para homenagear o compatriota e Jornalista, Nelinho Tuma, que continua preso injustamente, com os demais membros do MIC, pelas autoridades colonias angolanas, recuperamos à análise feita ao folha 8, aos 02 de Setembro de 2017.

Nelinho Tuma

Já lá vão 42 anos que vivemos sob ocupação estrangeira de Angola, sem qualquer direito de decidir sobre o nosso próprio destino. 42 Anos como reféns na nossa própria terra, impedidos de sermos livres e felizes.

(*) Por Nelinho Tuma

42 Anos, sem dignidade e submetidos à todo tipo de humilhações. Intimidações, prisões arbitrárias, execuções sumárias, como métodos de anestesiar o nosso Povo e obrigá-lo a esquecer seus direitos, a sua história e a sua cultura.

42 Anos de pobreza induzida, enquanto as nossas riquezas são espoliados em prol de interesses da força usurpadora.

A integração Administrativa da nação cabindense em Angola não foi do consenso cabindês, mas de três movimentos de libertação de Angola (FNLA, MPLA e UNITA) e PCP de Portugal nos acordos de Alvor em que mais tarde foi revogado por ser injusto aos cabindas, e posteriormente os angolanos começaram a afugentar os representantes da nação cabindesa (FLEC/FAC E FLEC RENOVADA) do seu próprio território para as matas. A ex-URSS (União Soviética), cubanos e congoleses da RDC pelas negociações que fizeram com o regime angolano (MPLA), entenderam invadir e apoiar Angola (MPLA) a ocupar o território de Cabinda.

Apesar de que a UNITA depois dos Acordos de Alvor sempre esteve ao lado dos cabindas, mais com uma ideologia diferentes dos cabindas que é nada mais e nada menos tornar Cabinda numa província autónomo de Angola. Nestas eleições ocorridas no dia 23 de Agosto do ano em curso, a UNITA numa primeira fase, no seu manifesto intitulado GIP prometeu aos Cabindas, tornar o território numa província autónoma algo que motivou muitos intelectuais cabindenses a fim de apoiarmos a UNITA e um pouco a CASA-CE, mas sempre com um pé dentro e o outro de fora.

É hora de nos organizarmos e dizermos basta às intimidações, basta à ocupação, basta o medo, basta a taxa de desemprego mais elevado ao nível de Angola e nos unirmos para juntos enfrentarmos a ocupação ilegítima de Angola (MPLA) com coragem para a nossa libertação e para a garantia de paz e progresso das gerações vindouras.

1º A nossa causa é justa e quem conhece a história de Cabinda reconhecerá a legitimidade da nossa revolução.

2º Não somos separatistas como o nosso colono MPLA ou como certos angolanos menos informados tentam manipular para confundir a opinião internacional. Cabinda é separado de Angola pela própria natureza, e a única ilegalidade é forçar a junção daquilo que Deus separou.

Lutar pela Identidade própria, é mais do que um dever de resgatarmos a nossa biografia e glorificarmos a memória dos nossos ancestrais e nossos heróis, é também uma imperativa categórica e condição indispensável de garantia de sobrevivência do nosso Povo, da nossa identidade cultural, e do nosso desenvolvimento.

Apenas estão a explorar os recursos enquanto podem e nós permitirmos. Razão pela qual nunca ao longo dos 42 anos de ocupação, não se preocuparam em fazer quaisquer tipos de investimentos em Cabinda que contribuísse para o bem-estar da população local.

Só nos restam duas escolhas: ACEITAR A ETERNA ESCRAVATURA DE ANGOLA (MPLA) OU LUTARMOS PELA NOSSA LIBERTAÇÃO.

A) – Para continuarmos a ser escravos, não precisaremos de fazer nada. Apenas ficarmos calados, submissos e conformados.

B) – Se a opção for a LIBERTAÇÃO, devemos ter coragem, ultrapassarmos as divergências que o MPLA incutiu ao povo e nos unirmos para enfrentarmos sem medo a força de ocupação Angolana (MPLA).

A revolução cabindense nesses últimos anos nunca mais teve o devido apoio externo e credibilidade internacional porque nunca fizemos nada para merece-los.

Precisamos de nos organizar de Miconje ao Yema e de Massabi ao Lucula Zenze, no exterior de Cabinda, e todos lutarmos, cada um como poder, mas movidos com o único objectivo e mesma ideologia em prol do reconhecimento da INDEPENDÊNCIA DE CABINDA e DO BEM-ESTAR DO POVO.

É do nosso conhecimento que a certos angolanos que também estão na luta do resgatamento da independência angolana das mãos do MPLA porque também tortura e escraviza os angolanos, por isso eu peço a eles que reconheçam os nossos direitos, porque tanto eles como nós que lutemos juntos primeiro para derrubar o regime como eu acredito que já o fizemos nestas eleições de 23 de Agosto.

A nós, cabe-nos reconquistar a nossa liberdade e resgatarmos a verdadeira personalidade histórico-jurídica de Cabinda. Não podemos esperar por milagres do céu, porque Deus fez a sua parte em atribuir-nos esta porção de terra chamado Cabinda.

A independência nunca foi dádiva alguma para povo nenhum, sempre foi uma conquista soante para com todos os povos oprimidos.

Temos jovens Intelectuais com capacidades de reflexão avançada. A nossa luta agora é por manifestações pacíficas, mas não aquelas manifestações que começam da missão Imaculada até ao Cine Chiloango é que conseguiremos alcançar os nossos objectivos.

Os objectivos só serão alcançados com aquelas manifestações pesadas que os começos sabem, mais o fim é somente para uma mesa redonda e com a presença da comunidade internacional no diálogo ou negociações.

Assim sendo, a conquista do reconhecimento da nossa independência, tal como outros povos o obtiveram, temos de nos empenhar.

«O Faraó manteve o povo Judeu 400 Anos no cativeiro Egípcio, mas logo que chegou o tempo foram libertos» E quem somos nós para não acreditarmos! Temos que ser optimistas e não pessimistas.

DE MICONJE AO YEMA E DE MASSABI AO ZENZE DO LUCULA – UNIDOS VENCEREMOS.

(*)António Victor Tuma, Secretário Adjunto para a Informação do MIC, preso político de Cabinda detido, desde o dia 28 de Janeiro de 2019, pelas autoridades angolanas que ocupam ilegal e militarmente o território de Cabinda.

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