Terminado mais um ano, é hábito fazer-se um balanço, como acontece na contabilidade, fazer-se o inventário dos bens patrimoniais, apurar o resultado líquido do exercício, isto é, subtrair as despesas/perdas dos recebimentos/ganhos.
Ora, para mim e para o meu povo, quê balanço poderíamos fazer? O quê ganhamos e o quê perdemos afinal? Ganhamos é miséria acentuada, humilhações, doenças, mortes, espoliação desenfreada dos recursos da nossa terra. Será que estes são ganhos ou são perdas? Não nos convém mesmo fazer o tal balanço.
Só sei que foi mais um ano em que a nossa dignidade e o respeito que merecemos como seres humanos, continuaram sendo-nos negados. Só sei que continuamos escravos na nossa casa e na nossa própria terra que nos viu nascer. Só sei que se multiplicaram os perigos de pensar e agir como cabinda. Só sei que continuamos sendo carne para canhões e para cães do opressor. Só sei que o nosso grito continua suspenso no ar, senão, entalado na garganta. Só sei que os donos do nosso destino continuam fazendo-nos seus tapetes. E o pior de tudo, há muito filho de Cabinda que participa da desgraça dos seus irmãos. Há cabindas que se deixam levar pelas falsas promessas do opressor para vender e matar o seu irmão.
Todavia, eu e o meu povo, estamos dispostos a morrer, mas não de boca fechada ou de rabos encolhidos. Eu e meu povo, estamos mais que decididos em lutar pelos nossos ideais. Se até um bebé quando lhe tiram o seu brinquedo por um estranho, depois de chorar para reclamar a devolução do seu brinquedo, se o estranho insistir em não devolvê-lo, ele reage, utiliza tudo que estiver ao seu alcance para atacar o estranho. Assim também vai acontecer comigo e com o meu povo. Se continuarem a nos ignorar, que se preparem, porque não temos apenas bocas para (re)clamar, temos também mãos para atirar pedras, paus e tudo que estiver ao nosso alcance. Utilizaremos todas armas possíveis para atacar quem continuar nos espezinhando e privando a nossa liberdade, porque como eles, nós também merecemos ser livres.
2019 é o ano decisivo. Como em Cabinda tudo é cadeia, então, o ‘orçamentozinho’, ou as receitas alocadas para Cabinda, em vez de suportar as despesas previstas, sejam utilizados na construção de mais cadeias. Podem ocupar toda planície do Yabi, se possível a de Malembo também para a construção de tais cadeias. Nós estamos dispostos para tudo, aliás, não temos nada a perder. Como se diz na nossa língua, ‘fwá tu mana fwá, ubola toka ki kambu’ – já andamos mortos, só nos falta apodrecer. Mas antes ou depois de morrermos, o mundo vai se aperceber que afinal o que se propaga por aí que os cabindas aceitam ser angolanos não é verdade.
Então, meus amigos, A GRANDE BATALHA PARA A LIBERTAÇÃO DE CABINDA DO COLONO ANGOLANO, já vai começar.
Texto de José António de Carvalho
Fonte: Verdades sobre Cabinda (@verdades.sobre.cabinda)
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A direcção da Plataforma A Voz de Cabinda (Mbembu Buala), agradecem o interesse e estão abertos em colaborar na produção, análise e difusão da informação sobre Cabinda e não só.
Cordiais Saudações
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Todos juntos venceremos!
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A União nos tornará mais fortes!
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