CABINDA

por @mbembubuala
Fevereiro 20, 2019
Criou-se em Angola, depois da Traição dos Acordos do Alvor em 1975, um Monstro com vários rostos, multirraciais, que aniquilou o plasmado no Documento rubricado no Hotel da Penina, por alguns farsantes a soldo do KGB, doutrinados pelos golpitas Soviéticos, que logo transformaram a Esperança numa tragédia. Durou pouco, de Janeiro ao 1º de Maio de 1975, quando já auxiliados por tropas cubanas, e com a cumplicidade do MFA/Portugal, as FAPLA expulsaram de Luanda a FNLA.
O resto, já repetidas vezes escalpelizado, foi um festival de
traições, negócios, corrupção, que teve como consequência o longo calvário que
ainda hoje predomina,
e que teima eternizar-se.
É histórico, depois que qualquer potência ou país subscreveu a Carta das Nações Unidas, nunca o totalitarismo resistiu mais de 50 anos, tempo para que as gerações seguintes não suportem o “Status Quo”. Cairam a União Soviética, o Império Português, o Inglês, o Francês, o Apartheid, está a desmoronar-se o Bolivarianismo de Maduro, Obiang, da Guiné Equatorial, e treme a Frelimo em Moçambique. Claro, há sempre excepções, Cuba Coreia do Norte e Angola, estão a atingir a caducidade histórica.
O MPLA é exímio no disfarce, tem uma máquina de propaganda eficaz,
mas que está a dar mostras de cansaço, e as diatribes das diversas caras do
Monstro não são mais visíveis, por total inoperacionalidade da oposição, amorfa
e acomodada inexplicavelmente.
Depois da catástrofe José Eduardo dos Santos, emergiu uma encenação que começa
a esfumar-se. João Lourenço, tomou posse como Presidente da República, pintou
um quadro de expectativa e pose fotográfica, com galões de justiceiro, para
encapotar a sua submissão ao ex-Presidente. Criou expectativa, lançou suspeitas
que eram certezas, até que desse tempo de colocar os herdeiros que aguardavam a
vez de serem promovidos a novos Monstros do Regime.
Durou um ano, até que as forças do MPLA em clara desagregação que
emerge da caducidade, medissem forças e colocassem a nu, os rabos de palha de
toda gente. João Lourenço, começa a ser escrutinado, as expectativas do povo
goraram, e o que sobre da desgovernação, é que hoje está pior que ontem, com a
certeza de que amanhã estará pior que hoje.
Agora, estrategicamente, libertou o corpo de Jonas Savimbi, para que sejam
realizadas exéquias fúnebres do grande guerrilheiro e Estadista, assassinado no
Moxico em 2002.
Com a Oposição moribunda, fraccionada, foi um golpe de asa do Presidente, degladiam-se protagonismos, entretem-se a plebe, e dá uma ajuda ao seu ex-colega de escola, Samakuva, de aproveitar o evento para colocar em marcha a sua recandidatura a líder da UNITA.
Tudo isto acontece num momento em que João Lourenço, começa a ter a sua
honorabilidade posta em causa internacionalmente, com volumosas somas de
dinheiro (muitos milhões), depositados em Off Shores, oriundos de negócios
enquanto Ministro da Defesa.
Na UNITA, em lutas desiguais, perfilam-se tropas para o Congresso, e amigos
estratégicos de hoje, podem colidir nos seus intentos a qualquer momento.
Adalberto da Costa Júnior, faz-se com evidência ao lugar, mas Alcides Sakala,
aparece como aquele que mais tem visibilidade internacional e engajado num
clube político bem definido, a Democracia Cristã. Outros há na expectativa, mas
Samakuva pode baralhar as coisas, para que tudo continue igual.
A caducidade histórica não atinge só o MPLA, a UNITA também deveria sepultar o Movimento com o seu Fundador, porque cumpriu o desiderato da sua genisis, a Libertação Nacional. Hoje a luta é política, e à que definir um rumo para o país, sem percas de tempo, com estratégias identificadoras que atraiam investimento, governar o país a partir do zero, e deixar a Justiça agir livremente contra os prevaricadores, sem perseguição política.
Clarificar uma Paz duradoura que dignifique a cidadania, promover o desenvolvimento, combatendo o analfabetismo, a doença, criando emprego, e com transparência distribuir por igual a riqueza assente nos recursos do país.
A procissão vai no adro, mas o caminho é curto, aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
Texto de Gomes Kuma
Lisboa, 13/02/2019
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