Democracia em Angola, Um projeto Condicionado pelos Marimbondos
Falar de Angola hoje faz lembrar a miséria, a pobreza e as doenças, a ditadura por vezes camufulada outras tantas escancarada, faz lembrar os politicos bilionários e corruptos, o tráfico de influências, faz lembrar uma terra com condições naturais excepcionais para a prática e o desenvolvimento do sector agro-pecuário que serviria de alavanca para reduzir a fome, enfim, falar de Angola não é na verdade fácil mas ao mesmo tempo desolador, o cenário sócio-económico e politico é caótico, e pior de tudo é não haver um limite temporal e até mesmo capacidade e vontade políticas para que a tão almejada viragem ocorra, para que finalmente renasça a esperança ja de si morinbunda como algum dia cantou um dos mais talentosos músicos angolnos.
Posto isto, vou me centrar na questão que mais me interessa, a de CABINDA, a minha terra, aquela parcela da África Central que dispensa apresentações, uma terra que, apesar de ser reconhecida por todos (aqui incluo a marimbondada) como sendo o pulmão da economia angolana, tem assistido ao longo de mais de 4 décadas de ocupação illegal, à degradação em catadupa das condições sociais, económicas, os mais elementares direitos das suas gentes sistematicamente atropelados sem apelo nem agrado pela corja de incompetentes que tomaram de assalto os destinos dos nobres povos de Cabinda e Angola.
Por esta altura, assiste-se em Cabinda a uma tentativa desesperada de calar as vozes daqueles que, com toda a bravura e determinação, têm vindo a bater-se pelo direito à auto-determinação consagrado no numero 2 do art 1 da CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS, uma organização de que Angola é MEMBRO DE PLENO DIREITO e que, por esse facto, tem a obrigação de respeitar aquela que é a carta magna dessa mesma entidade, a mais importante organização politica a escala global.
Não se compreende portanto, o gráu de intolerância política, da caça ao homem, das prisões arbitrárias perpetradas por um governo que se diz defensor dos direitos fundamentais do homem, um governo que se compromete respeitar todos os tratados por si assinados mas cuja atuação prática tem provado exatamente o contrário, será que estes senhores da Guerra não foram capazes de se livrar da sua matriz político-ideolóca assente no Marxismo-Leninismo? Todos sabemos que a democracia tal como foi concebida do ocidente, foi uma imposição do malogrado Dr. Savimbi e a sua UNITA aos Marxistas-Leninistas do MPLA PT que, repito, nunca foram capazes de a aceitar, sendo por isso, uma espécie de sapo que lhes anda atravessado na garganta.
Os últimos acontecimentos em Cabinda, provam isso mesmo, que esse regime nunca mudou e que continua a usar das práticas ditatoriais herdadas do já moribundo comunismo para tentar intimidar e fazer calar a voz de um povo que clama pura e simplesmente por algo que é seu por força de razões juridico-históricas, culturais e porque não geofisicas?
Já não é segredo para ninguém que os interesses económicos e politicos sobrepoêm-se hoje em dia à razão e ao direito dos povos, única justificação para que a chamada comunidade internacional se mantenha indiferente ao que se passa em Angola e Cabinda, uma indiferença que chega a roçar à cumplicidade, o petróleo e os diamantes devem falar mais alto que o grito de Socorro dos dois povos reféns de um regime que parece se perpetuar no poder por via de esquemas fraudulentos.
A arrogância política e o uso da força para tentar acabar com a Resistência cabindense que caraterizou o reinado do então rei da marimbondada, continua sendo o mesmo modus operandis do atual king, com a única diferença deste último mandar prender a tudo e todos em Cabinda, faria um grande favor aos cabindas se prendesse todos os mosquitos e moscas por também estes representarem os cabindas e os seus interesses.
Estamos por isso diante de um verdadeiro paradoxo, Angola acabou de eleger (ainda que fraudulentamente) um PR que tentou desde o princípio, provar ser diferente para melhor do que o seu antecessor a quem apelidou o king dos marimbondos sendo ele mesmo um dos marimbondos e o atual marimbondo rei, num discurso tão populista quanto demagogo, conseguiu que muitos angolanos distraidos, hipnotisados e cegos pelo regime, vibrassem e esfregassem as mãos de contente por finalmente terem feito a escolha acertada, mas lá diz um dos ditados populares que a alegria de pobre dura pouco, tudo não passou de um sonho do qual já quase todos os angolanos se estão a despertar, mudou a cara no palácio real, mudou também a mobilha toda provalmente, mas a forma de (desgovernar) continua a mesma, não fossem ambos filhos do mesmo pai e formados na mesma escola.
Prender 76 jovens e velhos desarmados e encarcerar nas masmorras pelo simples facto de tentarem exercer um dia direito plasmado na cconstituicao eduardista, atípica e forjada por alguns dos ja famosos marimbondos sob a sábia orientação do até então único homo sapiens e arquiteto da paz, protegido hoje pelo novo monarca, é o mesmo que darem o tiro no seu próprio pé como se costuma dizer, é a demonstração clara de que o regime anda a tentar tapar o sol com a peneira; a democracia, pelo menos aquela concebida do ocidente, não faz parte da matriz politico-ideológica dessa corja de corruptos, incompetentes e desumanos.
Com essas práticas puramente ditatoriais, o regime não se apercebeu ainda das consequências que poderão advir delas, estão cada vez mais a alimentar o ódio já enraizado na sociedade cabindense por esse regime, esquecem-se que cada Cabinda preso, tem centenas de pessoas a apoiá-lo embora a maioria ainda opte pelo silêncio, até quando se manterão silenciosos nem mesmo o mais expert em psicologia ou futurologia era capaz de saber, estão a mexer com o fogo e podem quimar-se, estou aqui a parafrasear o atual king da marimbondada.
Os Cabinda não estão, nunca estiveram nem estarão como muitos ingénuos e fanáticos do regime querem fazer crer, a lutar para dividir Angola porquanto, todos os marimbondos (diga-se MPLA) sabem que há razões de fundo sobre as quais a resistência cabindense assenta mas que o regime sempre procurou ocultal da maioria do povo angolano, com realce ao Tratado de SIMULAMBUCO, há outras razões historico-culturais para não mencionar a evidente descontinuidade geográfica, que dão sustentabilidade às nossas reivindicações, isso é indesmentivel e talvez por isso o regime tenha investido tanto na tentativa de ofuscar a questão, mas isto é so uma questão de tempo, a verdade demora mas sempre chega.
O regime só tem uma saida para resolver a questão de Cabinda, sentar-se com todas as forças vivas de Cabinda e discutir a questão de forma séria, frontal e de respeito recíproco de ambas as partes para se encontrar um meio termo, sem recorrer a outros Bentos Bembes porque a história recente já provou que não se resolve a questão de Cabinda tentando acabar com ela subornando um outro Cabinda que se destaque.
Ao regime bastará parar com as prisões arbitrárias, com as peserguições, com as torturas físicas e/ou psicológicas, isso não levará à nada e a questão há de sobreviver à todas as manobras de diversão e de divisão dos Cabindas para melhor reinar, o diálogo sério e honesto nos tempos que correm, é a única via válida para o alcance de uma solução eficaz que satisfaça as pretensoes supremas, soberanas e legitimas dos cabindas.
Eu acredito numa Angola forte, independente e democrática desde que a repressão seja substituida pelo diálogo franco, desde que as liberdades fundamentais dos cidadãos sejam cabalmente respeitadas e desde que se acabe com a intolerância, as perseguições e a caça ao homem. Uma Angola forte dependerá sempre da possibilidade de existência duma democracia real, participativa e responsável, que promova e envolva todos os cidadãos sem exclusão baseada nas cores partidárias, sem ambiguidades nem complexos; a democracia é um projecto viável em Angola desde que haja vontade política, trabalho árduo e entrega e, mais importante ainda, que os marimbondos percam o poder de forma democrática e ordeira.
Uma palavra de apresso a todos os irmãos do MIC e outros da sociedade civil, mormente da ADCDH pela bravura e coragem, que Deus vos continue dando forças para não se vergarem, a causa é nobre e todas as causas Justas têm sempre a bênção de Deus, com Ele aos commandos, havemos de chegar à terra prometida.
VIVA A PAZ,
VIVA O DIÁLOGO CONSTRUTIVO
VIVA A LIBERDADE
Texto de José Anselmo Pemba