A parasitocracia da Rússia em África I

JOGOS E ESTRATÉGIAS GEOPOLÍTICAS EM ÁFRICA

Análise – I

(visita de João Lourenço à federação russa – abril de 2019)

13-04-2019

Por José Manuel Kabangu*

Primeira Parte

O governo angolano, liderado pelo MPLA, renovou durante a vista de João Lourenço à Rússia, a continuação da ocupação ilegal e militar do território de Cabinda, como afirmou o compatriota Toze Suculate “ o mais engraçado é que foi oferecer Cabinda a Rússia, conforme os desejos deles, desde a guerrilha(…). O povo de Cabinda nem se quer tem o direito de escolha ou de opinião. O José Eduardo dos Santos vendia, JLO oferece – Mpassi mu ntima”.

Os últimos acontecimentos político-militar em Cabinda, obrigaram ainda o presidente angolano à renovar a sua subserviência à Federação Russa (ex-URSS) “potência protectora dos regimes socialistas”, o MPLA há muito que desempenha o papel de sipaio estratégico da Rússia para à manutenção dos ideias do comunismo em África, principalmente ao sul do Sahara, aonde a cada dia que passa renasce e se consolida à sua influência política da Federação Russa.  

Como é do vosso, conhecimento, são muitos os factos históricos que ligam o MPLA e a Rússia, mas vale aqui destacar dois:

  • Foi graças à Rússia que o MPLA, ocupou e continua à ocupar ilegal e militarmente o território de Cabinda.
  • Foi ainda e continuar a ser graças à Rússia que o MPLA, alcançou o poder em Angola em 1975 e lá permanece de pedra e cal, até aos nossos dias.

Importa também realçar, o contributo de Cuba, aos dois factos históricos, acima descritos.

Recentemente Angola, teve o privilégio de constar da lista do périplo africano do Subsecretário de Estado norte americano, que entre portas e travessas ouviu-se o eco das exigências dos filhos do tio Sam, na voz do seu enviado especial, John Sullivan que Angola e o MPLA para contarem com um apoio total  da administração Trump,  deveriam estes e com urgência, abdicar das suas alianças com à Rússia e a China, e bem como reconhecer o autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó (que para muitos não passou de uma mera especulação), mas que talvez faça parte da “estratégia dos Estados Unidos da América – E.U.A” que visa neutralizar, o ressurgimento da aliança comunista, onde as duas potências(Rússia e China) do grupo reforçam a sua presença em África, liderando a corrida desenfreada aos recursos naturais e bem como para a manutenção das zonas de influências e não só, politicamente,  contra os interesses dos E.U.A e dos seus aliados ocidentais da (NATO).

João Lourenço, para demostrar à lealdade do “MPLA-Angola”, afirmou no parlamento russo que “os tradicionais e privilegiados laços de amizade e solidariedade que ligam (…) os dois países mantiveram-se sempre firmes e inabaláveis apesar das grandes transformações que se operaram no mundo nestas últimas décadas. (…) numa altura em que forças retrógradas, que julgávamos estar há muito superadas, ressurgem com novo vigor e maior agressividade”.

Tomem nota e saibam que para o actual governo angolano que continua sob a chefia do MPLA, os seus principais e eternos inimigos são: os E.U.A e, os seus aliados ocidentais, a União Europeia, o Islão, África do Sul e os Movimentos que Revindicam o direito da Autodeterminação do Território de Cabinda.

Temendo o MPLA perder o poder em Angola, e tentando evitar a todo custo a propagação do efeito dominó do derrube dos regimes tirânicos e comunistas em África, e não só, como os casos de Mobutu no ex-Zaire, de Kadhafi na Líbia (só para citar) e das probabilidades de Bashar al-Assad na Síria e de Nicolas Maduro na Venezuela, o MPLA foi forçado a fazer algumas conceições à comunidade internacional, principalmente no que toca à exploração dos recursos naturais.

A infelicidade do MPLA é que hoje, essa mesma comunidade,  não está somente interessada nos recursos naturais, mas também pretendem controlar o meio, onde se localizam esses recursos por via militar( com a instalação de bases militares), intenção rejeitada pelo MPLA e que para dissipar as dúvidas, promulgou na sua constituição atípica de 2010, que o estado angolano não permite a instalação de bases militares estrangeiras no seu território “nº4 do artigo 12 da Constituição de Angola.

E para reforçar à aliança de subserviência com a potência protectora “Rússia”, a dita cooperação militar ao mais alto nível, que não passa mais de uma colaboração militar(como identificou e bem o especialista Eugénio da Costa Almeida), o presidente angolano, apelou para mais investimentos russos em Angola, no quadro dos vários protocolos e acordos de cooperação bilateral já em marcha entre os dois países, onde a colaboração militar é a principal para os angolanos, tendo em atenção que os russos são os mais beneficiados desta cooperação-colaboração, para além de levarem, diamantes, produtos marinhos e milhões de dólares no fornecimento de armamento e de militares, brevemente terão também a possibilidade de desenvolver a exploração espacial e a instalação de uma fábrica de equipamentos militares e de produção de armas russas em Angola.

Factos que nos levam a concordar com LeoTon Mabiala, que afirma, “a Rússia é apenas Moscovo, S. Petersburgo e Sochi, o resto não tem nada. Fazer parceria económica com a Rússia é desperdício. Tal e qual como afirmou Abel Chivukuvuku, a Rússia é um anão económico. Mabiala vai mais longe ao reafirmar que a Rússia não é um país economicamente forte, com níveis de pobreza elevadíssimos, sendo uma má opção para se cooperar ao nível económico, mas reconhece que a única cooperação que pode oferecer é a do domínio militar.

A tal dita cooperação no domínio da defesa (entre à Rússia e Angola), não passa mesmo de uma mera colaboração militar,  tendo em conta que Angola não passa de um mero cliente que por vezes, recebe da Rússia, productos obsoletos e por vezes a própria Rússia, leva acabo acções de sabotagem nas parcerias estabelecidas, com o país que protege de um possível ataque dos seus eternos inimigos e que fica à espera eternamente que o patrão honre com os compromissos, mais do mostrar a sua indignação, as autoridades angolanas, ainda celebram a colaboração militar, com a noção de a Rússia ser à única alternativa à sua protecção, tendo em conta os sinais de conflitualidade que a sociedade internacional nos apresenta hoje.

Que o digam as Forças Armadas Angolanas – FAA, na quantidade de material militar obsoleto recebido da Rússia e, que nunca foi resposto ou seja que até hoje aguarda a reposição, que o digam ainda os responsáveis do projecto Gamek, que foi sabotado pelos russos (tal e qual como os cubanos sabotaram às fábricas de açúcar) e que o diga o Ministro Carvalho da Rocha que chorou rios de lágrimas, antecipadamente, com o fracasso do AngoSata1 e parece que o AngoSata2, levará mais de dois anos a ser construído.

Será a Rússia um grande parceiro ou um verdadeiro patrão do MPLA-Angola?

A quem o MPLA-Angola, têm muitas dívidas materiais e morais, como, o plano da ocupação do território Cabinda que pode ser revelado, caso, o MPLA – Angola pretendam desistir da subserviência à Rússia.

(continua na próxima edição

   José Manuel Kabangu*

-Jornalista e Activista Político-

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