Leia na íntegra à análise com do compatriota Johnys de Assunção Luemba.

Colocaram -me Algumas questões nos Cabindas interessados pela Causa:
Qual é a sua ideologia sobre o Caso de Cabinda?
Porque pretendes sentar com os Partidos de Cabinda?
O quê Sugeres para solucionar pacificamente a questão Cabinda?
E muitas outras questões que recebi, Meus Caros eu Johnys Luemba entendo o seguinte:
Devemos fazer algumas reformas
1° Reforma de mentalidade, psique emocional
2° Entender-mos que essa luta não é de alguns Cabindas mais de todos os Cabindas e que todos devemos dar a nossa vida para Cabinda.
3 ° Percebermos que a liberdade não se negoceia.
4° Tirar o Tribalismo no seio dos Cabindas
5° Construir através de sensibilização do Povo uma nova forma de pensar(Tirar o medo aos Cabindas)
6° Fazer da Causa de Cabinda , uma Causa que não deixa as potências mundiais e Africanas descansarem.
7° Fazer de Cada Cabinda um Patriota digno e que luta e disposto até perder a vida pelo bem de Cabinda.
Pretendo sentar com esses partidos por entendo eu que:
A história ensina-nos que, em determinadas circunstâncias, é fácil ao estrangeiro impor o seu domínio a um povo. Mas ensina-nos igualmente que, sejam quais forem os aspectos materiais desse domínio, ele só se pode manter com uma repressão permanente e organizada da vida cultural desse mesmo povo, não podendo garantir definitivamente a sua implantação a não ser pela liquidação física de parte significativa da população dominada.
Com efeito, pegar em armas para dominar um povo é, acima de tudo, pegar em armas para destruir ou, pelo menos, para neutralizar e paralisar a sua vida cultural. É que, enquanto existir uma parte desse povo que possa ter uma vida cultural, o domínio estrangeiro não poderá estar seguro da sua perpetuação. Num determinado momento, que depende dos factores internos e externos que determinam a evolução da sociedade em questão, a resistência cultural (indestrutível) poderá assumir formas novas (políticas, económicas, armadas) para contestar com vigor o domínio estrangeiro.
O ideal, para esse domínio, imperialista ou não, seria uma destas alternativas:
ou liquidar praticamente toda a população do país dominado, eliminando assim as possibilidades de uma resistência cultural;
ou conseguir impor-se sem afectar a cultura do povo dominado, isto é, harmonizar o domínio económico e político desse povo com a sua personalidade cultural.
A primeira hipótese implica o genocídio da população indígena e cria um vácuo que rouba ao domínio estrangeiro conteúdo e objecto: o povo dominado. A segunda hipótese não foi até hoje confirmada pela história. A grande experiência da humanidade permite admitir que não tem viabilidade prática: não é possível harmonizar o domínio económico e político de um povo, seja qual for o grau do seu desenvolvimento.
Para fugir a esta alternativa – que poderia ser chamada o dilema da resistência cultural – o domínio colonial imperialista tentou criar teorias que, de facto, não passam de grosseiras formulações do racismo e se traduzem, na prática, por um permanente estado de sítio para as populações nativas, baseado numa ditadura (ou democracia) racista.
De tudo o que acabei de dizer pode concluir-se que, no quadro da conquista da independência nacional e na perspectiva da construção do progresso económico e social do povo, esses objectivos podem ser, pelo menos, os seguintes:
desenvolvimento de uma cultura popular e de todos os valores culturais positivos, autóctones;
desenvolvimento de uma cultura nacional baseada na história e nas conquistas da própria luta;
elevação constante da consciência política e moral do povo (de todas as categorias sociais) e do patriotismo, espírito de sacríficio e dedicação à causa da independência, da justiça e do progresso;
desenvolvimento de uma cultura científica, técnica e tecnológica compatível com as exigências do progresso;
desenvolvimento, com base numa assimilação crítica das conquistas da humanidade nos domínios da arte, da ciência, da literatura, etc.,
De uma cultura universal tendente a uma progressiva integração no mundo actual e nas perspectivas da sua evolução;
elevação constante e generalizada dos sentimentos de humanismo e solidariedade, respeito e dedicação desinteressada à pessoa humana.
A realização destes objectivos é, com efeito, possível, pois a luta armada de libertação, nas condições concretas da vida dos povos africanos, enfrentando o desafio imperialista, é um acto de fecundação da história, a expressão máxima da nossa cultura e da nossa africanidade. Deve traduzir-se, no momento da vitória, por um salto em frente significativo da cultura do povo que se liberta.
Se tal não se verificar, então os esforços e sacrifícios realizados no decurso da luta terão sido vãos. Esta terá falhado os seus objectivos e o povo terá perdido uma oportunidade de progresso no âmbito geral da história.
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