CARTA ABERTA AO PADRE FÉLIX CUBOLA
Que a paz do nosso senhor Jesus Cristo esteja consigo agora e para sempre.

Sr. Padre Cubola, tive o privilégio em aprender e a interpretar os fenómenos políticos e sociais do nosso povo de Cabinda com os meus 16 anos de idade na escola revolucionário, posso assim chamar, da MPALABANDA. Ali conheci várias personalidades da defesa da nossa identidade como povo. Tive vários mentores, principalmente os Padres Raúl Tati e Padre Congo. Conheci a história de Cabinda e os direitos humanos na sala do Mbuela Mioco na missão católica em Cabinda.
Desde ali, fiz um juramento para mim mesmo em amar, defender e respeitar a história, a cultura, o direito, a liberdade e a verdade sobre Cabinda.
Sou muito jovem e reconheço que ainda tenho muito que aprender. Mas quanto a Cabinda, aprendi defender esta Terra com rigor, conhecimento, disciplina, exclusividade e respeito as diferenças de opiniões e idéias.
Jesus me ensinou a perdoar mas a política me ensinou que perdoar a traição ou os inimigos da nossa causa é prolongar a guerra.
Não falo como representante do povo de Cabinda mas sim como um simples cidadão desta maravilhosa terra que muito se importa com o destino da nossa única pertença como povo, a nossa Cabinda.
Sr. Padre Cubola, Cabinda pertence a todos nós, e isto implica que as nossas atitudes sobre Cabinda devem servir para construir, unir, edificar e progredir, pondo assim, a nossa terra e o nosso povo no centro de tudo. Cabinda não pode servir de uma herança mercantil onde cada filho desta terra tem uma sua parcela para vender. Cabinda é uma terra onde cada um dos seus filhos deve lutar e pensar na prosperidade e identidade da sua gente.
Neste ano, o padre Cubola, junto com alguns cabindeses tiveram a brilhante idéia de congregar as forças vivas cabindesas numa única plataforma para promover o diálogo para paz para Cabinda, infelizmente o vosso projecto provocou muita dúvida, descrença e desconfiança por parte de muita massa popular em Cabinda, pelo facto de a vossa iniciativa não ter transparência, calma, paciência, sabedoria e inclusão para que esta brilhante ideia de unir cabindas tivesse pernas para andar.
Poucos dias antes do início do encontro que tiveram no Gana, muitas forças independentistas sediadas em Cabinda lançaram comunicados manifestando a sua confirmação de que não iriam participar no encontro do Gana e até mesmo a FLEC também manifestou a sua ausência neste encontro mas mesmo assim, vocês avançaram com a vossa vontade de unir 22 pessoas para falarem em nome de mais de 1 milhão de cabindeses espalhados em Cabinda e pelos outros cantos do mundo, sem antes prestarem esclarecimentos e consensos sobre o encontro no Gana, mostrando assim a vossa falta de humildade e de espírito de inclusão.
Desde o surgimento do MIC, anteriormente sob a liderança do Eng. Maurício Gimbi, em Cabinda viveu-se um renascer da esperança, esperança essa que tinha entrado em coma deste o tsunami realizado pelo Bento Bembe, através do FCD e da ilegalização da Mpalabanda, onde muitos de vocês que estavam no Gana, poucos filhos de Cabinda sabiam do vosso paradeiro e o que vocês andavam a fazer. Hoje a juventude cabindesa defende com muita coragem e determinação sobre a nossa autodeterminação, isto dá-se o mérito pelo surgimento do MIC e posteriormente a UCI e sem esquecendo do surgimento de vários outros movimentos que llutam pela autodeterminação do povo cabindês dentro de Cabinda.
Sabemos todos que esta juventude ainda tem muito que aprender, mas também tem a matéria prima que tanto precisamos para a recuperação da nossa soberania e identidade como povo, por isso senhor padre, como diz o velho ditado, se não queres ajudar, não atrapalhe.
Eu não pretendo aqui relembrar cerca do seu passado histórico sobre o que aconteceu na igreja católica a quando da nomeação do bispo para Cabinda, o Dom Filomeno Dias, porque é do conhecimento dos mais atentos sobre as vicissitudes que se passam em Cabinda, em quê lado esteve e quais são os que o senhor combateu. Mas como diz a bíblia, arrependei-vos enquanto é dia.
Ao invés de se preocupar em liderar um movimento para defender os ideias do povo de Cabinda, gostaria lhe sugerir que se preocupasse primeiramente em pedir perdão publicamente sobre os erros que cometeu no passado e quiçá, as pessoas que você feriu possam lhe perdoar e juntos possamos levar este barco ao bom porto.
Sei que pretende organizar um encontro em Cabinda com o povo de lá com objectivo de dar esclarecimentos sobre os seus planos e projectos dentro da organização que acabara de criar, infelizmente não vou puder fazer parte por causa dos compromissos contratuais que tenho, mas eu gostaria tanto em fazer a seguinte pergunta e que eu gostaria que merecesse uma resposta:
FRANCAMENTE, O SENHOR SE SENTE IDÓNEO E AINDA TEM MORAL PARA LIDERAR UMA ORGANIZAÇÃO QUE DEFENDE OS INTERESSES LEGÍTIMOS DO POVO DE CABINDA?
Gostaria que me respondesse neste encontro ou por uma outra via.
Sem mais assunto de momento,Receba os meus abraços com a frescura do nosso Mayombe e com o color do nosso povo sofredor e batalhador!
QUE DEUS ABENÇOE CABINDA!
Viva Cabinda!Cabinda acima de tudo!Cabinda, pátria imortal!
POR LEOTON MABIALA