Íntegra da intervenção do Presidente Eng. Carlos Vemba no programa Causa e Efeito da rtp África no dia 10.04.2021
Acompanhe aqui: https://youtu.be/iIGT9gtSOaw
A paz assinada no dia 4 de Abril de 2002 está limitada ao espaço geográfico angolano, legado pela antiga potência colonial, isto é, de Zaire ao Cunene. Aquela paz não vincula o Povo de Cabinda.
A extensão da paz do 4 de Abril aos limites territoriais de Angola (de Zaire ao Cunene), não é apenas nosso entendimento. É igualmente o entendimento do próprio Governo angolano.
E por ter tal entendimento, achou que há necessidade de assinar outra paz, distinta daquela do 4 de Abril, no território de Cabinda, facto concretizado no dia 1 de Agosto de 2006 que, entretanto, o MIC e o Povo de Cabinda caracterizam como uma ‘’paz enganosa’’ e completamente ineficaz, devido a um conjunto de factores que vão desde o carácter impositivo e humilhante da solução encontrada, o Estatuto Especial, ao abandono do processo dos principais actores da parte Cabindesa, designadamente FLEC-FAC, MPALABANDA e a Igreja Católica; tendo o referido enganoso processo de paz terminado com envolvimento unilateral dos dirigentes da FLEC-Renovada, uma organização de reduzida influência político-militar que, segundo alguns relatos da altura, já se encontrava em vias de extinção.
O MIC sempre entendeu que a Paz Verdadeira para o Povo de Cabinda deverá nascer da justiça e do respeito do direito a autodeterminação, universalmente consagrado e concedido a esse povo, à luz das resoluções 1514, 1542 (ambos de 1960) e 2144 (de 1966), todas emanadas da Assembleia Geral das Nações Unidas; por isso, insistimos que qualquer estatuto político para Cabinda deve incontestavelmente ser resultado da livre expressão da vontade do Povo, por via da realização do Referendo Independentista.
Aqui, aproveito a margem para dizer ao Presidente angolano, João Manuel Gonçalves Lourenço, e aos chefes da Casa de Segurança e dos Serviços de Inteligência e Segurança Militar, Sr. Predro Sebastião e Sr. Garcias Miala, para abandonarem a maquiavélica politica de instrumentalização dos nossos irmãos Cabindas, financiando a criação de grupos e promovendo individualidades, como José Sumbo e outros, com o fim destes virem a facilitar pseudo re-negociações segundo a vossa vontade, em completo detrimento da vontade do Povo.
‘’os maus efeitos só terminam quando se atacam os males que os causam’’.
Fonte: MIC – Movimento Independentista de Cabinda