
Já que o território de Cabinda e o seu povo não ganharam nada com as seis décadas de exploração petrolífera das águas profundas da sua vasta costa marítima e do seu subsolo. Que resistem há 44 anos da ocupação ilegal e militar por parte Angola.
TUDO SOBRE O MEGA PROJECTO DE EXPLORAÇÃO PETROLÍFERA DA ENI NO DINGE EM CABINDA
Dinge, comuna do município de Cacongo (Lândana), com mais de 8 mil habitantes aproximadamente, familias que têm como auto-sustento a agricultura onde se destacam o cultivo da mandioca, para a produção dos seus derivados (Chikuanga e Farinha de Mandioca).
A luz electrica naquela localidade de Cabinda ainda é um problema sendo que a maioria das aldeias ainda não o beneficiam mesmo as que estão localizadas ao longo da estrada nacional nº100, que liga a cidade tchiowa e o interior de Cabinda. Está sendo implantado na Aldeia de Santo Muno o projecto de abastecimento de luz eléctrica que deveria cobrir toda a extensão comunal, até às primeiras aldeias das comunas vizinhas (Necuto e Inhuca) que até agora não passa de um projecto de pequeno porte.
Ouvimos um ancião da aldeia do Dinge Velho que mostrou-se preocupado com a preseça massiva de Militares Angolanos naquela comuna, pois, a convivência nunca foi saudável com os jovens daquela comuna. Os efectivos das Forças Armadas Angolanas são acusados do uso de força contra civis sem razões aparentes.

O abastecimento de água é notório apenas nas aldeias que estão localizadas ao longo da estrada, não obstante à isso regista-se muita falha no fornecimento o que obriga as comunidades a percorrerem uma distância de quase três quilómetros (3km) até ao riacho que os fornece à água que consomem, mas que é de baixa qualidade.

O centro comunal do Dinge tem um Centro de Saúde que atende em média 20 pacientes por dia, mas que carece de meios essências para o seu funcionamento, patologias como a malária e diarreia aguda são as mais frequentes.

Na comuna do Dinge, tem um posto policial e diversas unidades militares expalhadas nos quatro cantos desta localidade de Cabinda, considerada pelo governo angolano como uma zona de actuação das Forças Armadas de Cabinda-FAC.

O subdesenvolvimento é extremo, a comuna do Dinge há mais de 10 anos que não regista qualquer desenvolvimento sustentável em todos os sectores.
RECENTEMENTE A POPULAÇÃO DO DINGE FOI SURPREENDIDA COM O PROJECTO DE EXPLORAÇÃO PETROLÍFERO ON-SHORE PELA EMPRESA SAITI, LDA AUTO REPRESENTADA PELA ENI SOB CONTROLO E CONTRATAÇÃO DA SONANGOL EP NO BLOCO CABINDA NORTE.
E segundo dados as sondas para exploração petrolífera no Dinge são 03 (ENSCO 109, SAPURA JAYA e a SMP 102).


A “SMP 102” é uma sonda terrestre (Land Rig), contratada pela ENI Angola para a sua actividade de exploração no território de Cabinda à Société de Maintenance Pétrolière – SMP uma empresa francesa de perfuração terrestre que opera na indústria de petróleo e gás e geotérmica.
Neste Projecto se espera uma produção diária de milhões de Barrispor dia.
As sondas para à “extração do ouro negro”exploração petrolíferaestão situados, nos seguintes locais: na via que liga o Centro Comunal do Dinge, Massabi, Chivovo e mais para além do Tando Limba.
No entretanto a população daquela comuna lamenta o facto de não se estar a empregar a juventude local, o arranque destes projectos de exploração, criou uma movimentação de trabalhadores do ramo petrolífero no Dinge, mais infelizmente grande parte destes trabalhadores foram recrutados em Luanda (ANGOLA) e em Cabinda quase que ninguém foi ainda recrutado para as actividades de exploração petrolífera do Dinge, onde já se encontram as seguintes empresas; Sclhumberger, Ess, Halliburton, Ocean Atlantic, e Petromar, só para citar.
Para o maior espanto as três sondas, estão a ser asseguradas pela LUMAFIL uma empresa que presta asseguramento neste ramo de actividade e por uma Unidade Militar ligada a Casa de Segurança da Presidência da República de Angola, criada especificamente para o projecto de exploração petrolífero do Dinge.

Que até ao preciso momento estão a impedir, qualquer circulação de cidadãos nas proximidades do projecto.
Na comuna do Dinge não existe uma escola do ensino médio, obrigando os jovens desta localidade à abandonarem a sua comunidade após a conclusão do primeiro ciclo. Para concluírem o ensino médio partem para outros municípios ou pontos do território de Cabinda, facto que também tem contribuído para a redução da presença da juventude naquela localidade, o que é grave e preocupante.
No que tange ao consumo de água impropria, a nossa fonte alertou-nos sobre a presença na região de uma epidemia que tem estado a provocar sarna nas populações e que já assola também as aldeias circunvizinhas, facto que levou-nos até a fonte de acarretação que lamentavelmente poderá indignar qualquer um pela qualidade da água e pelo mau estado da via que da acesso à fonte.


A ENI anunciou a implementação de projectos sociais em Cabinda a margem da audiência que o presidente angolano, concedeu a Cláudio Descalzi, CEO da ENI, tendo em conta o desenvolvimento local “onde a empresa opera” em Cabinda a sua acção social se fará sentir nas seguintes áreas, energia, agricultura, água e saneamento, saúde, educação e gestão florestal sustentável.

Esperemos que a ENI implemente os projectos de desenvolvimento local, anunciados para Cabinda, principalmente na comuna do Dinge que enfrenta dificuldades de varia ordem conforme as contratações acima referenciadas, fruto de denuncias e que foram prontamente constatadas pela “A Voz de Cabinda – Mbembu Buala (VOC)”.
E segundo dados divulgados recentemente pela petrolífera italiana, oprojecto de exploração petrolífera de Cabinda é um investimento de cerca de dez milhões de dólares (9,130 milhões de euros), que tem 2020 como o período de implementação efectiva.
Cabinda e Angola são territórios estratégicos para o crescimento financeiro da ENI, contando actualmente com uma quota de produção de cerca de 145.000 barris de petróleo por dia da exploração petrolífera desenvolvida nos dois territórios acima descritos, sendo Cabinda a mais expressiva.
Infelizmente as receitas desta exploração não se refletem para o bem estar da vida das populações de Cabinda que continuam relegados à miséria e a pobreza extrema. E bem como nunca se refletiram para o desenvolvimento do território no seu todo.
Texto de Ruben Malonda
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