Encontro que decorreu hoje sábado 11 na sede do Fórum Cabindês para o Diálogo – FCD na cidade de Tchiowa em Cabinda.

Segundo a nossa fonte, Maurício Amado Nzulu ( General na reforma das Forças Armadas Angolanas – FAA) foi eleito com mais de 90% dos votos apurados no pleito que marcou o afastamento definitivo de António Bento Bembe à frente dos destinos da organização e que contou ainda com três candidatos, tendo o quarto desistido por razões de vária ordem.
No seu primeiro discurso, o general na reforma das FAA abordou vários aspectos ligados à sua organização política e bem como dos ligados ao Problema de Cabinda. Neste entretanto reconheceu de viva voz que apesar do Acordo assinado com o governo angolano, o povo de Cabinda continua submetido à uma “situação de extrema pobreza”.
Talvez seja esse o preço que pagamos até hoje pela nossa cultura de paz e diálogo.
Ainda sem mencionar, Amado Nzulu assumiu que ao longo da sua existência à organização cometeu muitos erros e muitos dos quais gravíssimos como é do conhecimento de todos.

Para o novo líder do FCD, à assinatura do Memorando de Entendimento para paz e reconciliação no território de Cabinda-M.E, permitiu que o governo angolano assumisse perante o povo angolano e à comunidade internacional às especificidades históricas, culturais e geográficas do território de Cabinda. E mostrou o seu desagrado pela não inclusão na constituição da república de Angola, o Estatuto Especial, instrumento político-administrativo previsto para Cabinda à luz do M.E assinado em Agosto de 2006 e provado pela Assembleia Nacional de Angola no mesmo ano.

Aproveitou à ocasião para imputar toda responsabilidade ao governo angolano pelo fracasso da implementação do M.E por este ter “abandonado” de forma “unilateral” em 2010 a Comissão conjunta, órgão criado para resolver eventuais problemas no processo falhado de paz para Cabinda.
“Não deixa de ser verdade que por parte do governo angolano, muito resta por fazer no tocante à implementação cabal do processo” frisou. Nzulu acredita que ainda é possível à resolução do Problema de Cabinda, mas desde que haja uma verdadeira vontade política das partes e apelou à Portugal em particular ao seu governo que assumam o seu erro histórico sobre Cabinda.
Amado Nzulu, considera e admite haver uma militarização excessiva no território de Cabinda por parte das Forças Armadas Angolanas-FAA. “ A retirada das FAA das matas, permitiria aos nossos sofredores camponeses, dedicarem-se com tranquilidade, aos seus cultivos, único sustento para a suas humildes famílias”.
Pois Amado Nzulu entende que a presença excessiva das FAA no território de Cabinda impede a criação de um ambiente de segurança e estabilidade política própria para o investimento estrangeiro no território. E advertiu que “desta vez, espera que os benefícios dos investimentos assim como das receitas dos recursos naturais de Cabinda, sirvam mais o interesse das populações”. Uma vez que o povo de Cabinda continua à viver e enfrentar uma pobreza extrema. Neste capítulo o FCD, segundo Nzulu espera que mais seja feito.
Chamou ainda à atenção das autoridades angolanas e da comunidade internacional que “ o desdobramento massivo de forças e meios das FAA e da polícia nacional em Cabinda é a ilustração da fragilidade do processo de pacificação no território…”
Porém nas suas declarações finais como novo líder do FCD, entende que adiar à solução do problema de Cabinda não é resolvê-lo. E apelou o governo angolano à negociar uma vez mais a sua resolução, mas de forma abrangente e inclusiva.
Desafiou também o MPLA à organizar uma conferência nacional sobre Cabinda, com a participação de todas as forças políticas angolanas e Cabindesas. E não deixou de apelar finalmente à libertação dos membros do MIC detidos em Dezembro último.
Texto de Baveka Mayala
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