Neste 2020 A Voz de Cabinda – Mbembu Buala, começou por ouvir o Eng. Maurício Gimbi na primeira edição da sua rubrica “ Análise do Problema de Cabinda” um espaço de debate e interação sobre as questões relacionadas com o território de Cabinda e o seu povo.
No link abaixo pode também acompanhar à entrevista com o líder da UCI, Maurício Gimbi:
Na sua segunda edição à rubrica da Mbembu Buala, ouviu e entrevistou o Eng. António Mabiala “LeoTon Mabiala” que após à sua breve apresentação, ficamos a saber que é licenciado em geologia e mestre em geo-química e mineralogia, formações feitas na Ucrânia, e já conta 33 velas apagadas desde que veio ao mundo.

No link do vídeo abaixo publicado no nosso canal do YouTube poderá acompanhar à entrevista na íntegra:
O Eng. Mabiala, revelou-nos que está na vida política activa desde os seus 16 anos. “A nossa vida só tem sentido quando defendemos uma causa” E às principais causas que defende são a verdade e a justiça.
Após conhecer a verdade e a justiça que o povo de Cabinda merece, nasceu em si o espírito de defender com garras e unhas o “Problema de Cabinda” Que começou por defender através das redes sociais, ainda nos tempos do liceu na Ucrânia, mesmo que somente na vertente social.
LeoTon Mabiala entende que os problemas sociais que Cabinda vive são os efeitos visíveis da causa principal que se resume na não resolução do “Problema de Cabinda” mas na vertente político-militar. E que ao ser resolvido traria uma lufada de ar fresco para o desenvolvimento do território de Cabinda no seu todo. Cabinda infelizmente com o passar dos anos, continua profundamente mergulhado no subdesenvolvimento, acrescentou.
E este subdesenvolvimento que o levou à “radicalizar-se” ainda mais defendendo para já uma resolução da causa principal. O Eng. LeoTon baseia o seu lema de vida no direito, na justiça, na verdade e na igualdade.
“Eu considero Cabinda como um país, outros não, outros o consideram como uma província, mas pessoalmente considero Cabinda como um país não autónomo e não independente”.
“Eu considero Cabinda como um país, outros não, outros o consideram como uma província, mas pessoalmente considero Cabinda como um país não autónomo e não independente”.
Ao ser questionado sobre o porque que não considera Cabinda como à 18 província de Angola, LeoTon Mabiala foi peremptório em dizer que esse facto deriva da verdade do que Cabinda foi num passado recente. Pois assegurou-nos que na Conferência de Berlim Cabinda foi identificado como único é distinto de Angola. Mas que passou fazer parte de Angola fruto da colonização portuguesa que do nada resolveu administrar em conjunto os dois territórios distintos. E que só foi anexado, após à assinatura dos Acordos de Alvor de 1975.
“Cabinda desde então sempre foi um território, diferente de Angola, um território separado de Angola, historicamente”, assegurou Mabiala.
Chamou-nos ainda à atenção jurídica sobre o dilema da distinção entre os dois territórios à própria conferência de Berlim realizada em 1885 e a constituição portuguesa de 1933, como provas vivas desta distinção e separação entre Cabinda e Angola.
“A própria constituição portuguesa, os próprios colonos portugueses sempre consideram Cabinda como um território diferente de angola; são factos que não podemos negar”. “E o que existe hoje é anexação, os Cabindas foram forçados a serem angolanos”, reforçou o Engenheiro.
LeoTon Mabiala entende que anexação do território de Cabinda à Angola foi por meio da força. Uma força que infelizmente continua à impor aos Cabindas à angolanidade, uma identidade forçada aos seus sentimentos. Mabiala aconselhou os mais cépticos à investigarem para conhecerem mais sobre as verdades que separam Cabinda de Angola!
O nosso entrevistado, afirmou que Cabinda não é um Enclave, tendo em conta que tem uma saída para o mar diferente do Lesoto que se encontra localizado no interior dos limites territoriais da República da África do Sul. Mabiala Chamou atenção para à preservação da cultura do povo de Cabinda que infelizmente vai se perdendo com o tempo, pois considera à identidade como uma das marcas que os distingue dos outros povos.
O Eng. LeoTon Mabiala, considera a constituição da república de Angola como o principal documento que matem viva a chama da colonização angolana em Cabinda e aconselhou o povo de Cabinda “os que quiserem ser livres” a desrespeitarem essa constituição.
“Se você defende à separação de Cabinda de Angola você é obrigado a desrespeitar a constituição da república de angola, é uma obrigação”, referiu.
Mas deixou o livre arbítrio falar mais alto na alma de cada Cabinda, “se aceita a colonização angolana ou se lutará para à libertação de Cabinda de Angola”. Referiu de igual modo que as reivindicações independentistas dos Cabindas, datam ou surgem antes da descoberta dos recursos naturais ( o petróleo) e atribuiu à culpa aos Cabinda pela falta de diálogo entre estes e as autoridades angolanas.
“O dia que encostarmos o governo angolano à parede é que se vai dialogar”, mas descarta à via armada como mecanismo de resolução do “Problema de Cabinda” por defender o direito à vida! Acredita que uma aposta no diálogo pode ajudar à resolver a questão.
No quadro da concertarão entre os Cabindas, LeoTon Mabiala defende mais transparência e seriedade, apesar de defender a criação de mais forças políticas de Cabinda. Mas desde que estejam em sintonia nos objectivos à defender. “A conquista da nossa identidade e soberania que consequentemente nos levarão à independência total, independentemente dos métodos à adoptar, mas pacificamente.
E discorda veemente com à ideia da criação de plataformas políticas em que um representante é indigitado para falar em nome do povo. “Se o MPLA quiser diálogo connosco, pode dialogar com todos os movimentos, como o governo português fez com a Unita, com a Flna e com o próprio MPLA”, “Ninguém pode nos obrigar que para dialogarmos nós temos que criar uma única plataforma”.
O subdesenvolvimento continua, e não há mudanças visíveis quer sociais, económicas, político-militares. Por ser do partido que governa angola e coloniza Cabinda Marcos Nhunga, considerou que este não trará nenhuma melhoria para Cabinda por fazer parte do sistema, ainda que fosse Barack Obama! acrescentou.
No ponto de conclusão da nossa entrevista, o Eng. LeoTon Mabiala, deixou um conselho aos jovens de Cabinda para que continuem à estudar não só para o conhecimento da verdade sobre Cabinda, mais sobretudo para à compreensão da razão da luta. A formação nos ajuda abrir a mente e ater mais visão. Mas acima de tudo temos que ter conhecimento sobre a nossa causa, temos que ler mais, conhecer a história, a nossa cultura e defendermos a verdade.
Mabiala, considerou ainda que à independência de Cabinda não depende dos EUA, da posição da comunidade internacional, da União Africana e nem se quer da SADC.
“À independência de Cabinda depende apenas de nós Cabindenses”. O dia que nós batermos na mesa e dissermos basta a colonização angolana será o início do alcance da nossa independência, garantiu o Eng LeoTon Mabiala.
Texto de José Kabangu
© 2020 VOZ DE CABINDA.MBEMBU BUALA, PELA VERDADE E JUSTIÇA – CABINDA – ACIMA DE TUDO E DE TODOS.