
Militares do Mali tomaram o controle de uma guarnição perto da capital, Bamako, nesta segunda-feira “18”. Fontes locais disseram às agências Reuters e France Press que o presidente do país, Ibrahim Boubacar Keita, foi preso pelos soldados amotinados.
A situação preocupa autoridades internacionais por causa da instabilidade política no Mali que ocorre desde 2012, quando o país africano sofreu golpe de estado. Há dois meses, o governo maliano enfrenta protestos considerados sem precedentes.
O governo da França, que colonizou o território maliano e que tem representantes no país para intermediar a crise, disse estar em contacto com chefes de estado de outras repúblicas da África Ocidental, como a Costa do Marfim, o Senegal e o Níger. O presidente Emmanuel Macron afirmou que telefonou para Ibrahim Keita, mas não deu detalhes sobre a conversa.
Antes da prisão, o governo do Mali pediu aos militares para “silenciar as armas”, dizendo que está pronto para um “diálogo fraterno para dissipar todos os mal-entendidos”, segundo um comunicado de imprensa do primeiro-ministro Boubou Cissé.
“Os movimentos observados refletem uma certa frustração que pode ter causas legítimas”, declarou o chefe do Governo neste comunicado, a primeira reação das autoridades do Mali à agitação que abala a capital desde o início da manhã.
A comunidade dos estados da África ocidental (CEDEAO), mediadora no Mali, disse em comunicado que acompanha “com grande preocupação a situação, com um motim que surgiu num contexto sócio-político já muito complexo”.
A organização regional conclamou “os militares a regressarem aos quartéis” e ressaltou “a firme oposição a qualquer mudança política inconstitucional”, convidando os “militares a continuarem mantendo uma postura republicana”.
A CEDEAO “condena veementemente a tentativa em curso e tomará todas as medidas e ações necessárias para a restauração da ordem constitucional”, indicou em comunicado.
Os Estados Unidos, por sua vez, ressaltaram por meio de seu emissário para o Sahel, Peter Pham, que “se opõe” a qualquer mudança de governo fora da estrutura legal, “tanto por parte dos que estão nas ruas como das forças de defesa e segurança”.
A França também “condenou veementemente o motim” e reafirmou “o seu apego total à soberania e democracia do Mali”, de acordo com um comunicado do ministro das Relações Exteriores.
Paris “compartilha plenamente a posição expressa pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (…), que apela à manutenção da ordem constitucional e exorta os militares a regressarem aos seus quartéis sem demora”, declarou Jean-Yves Le Drian.
A situação continua confusa na capital do país e seus arredores.
“Soldados furiosos pegaram em armas no acampamento de Kati e dispararam para o ar. Eram muitos e eles estavam muito nervosos”, disse à AFP um médico do hospital da cidade.
As razões de tal acção ainda não estão claras. Um dos soldados que assumiu o controle do local disse à AFP que em suas mãos estão “vários soldados de alta patente, detidos pelos rebeldes”.
Várias chancelarias ocidentais evocaram a prisão de personalidades políticas, incluindo ministros, mas essa informação não foi confirmada pelas fontes oficiais.
Com a G1
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