HOMENAGEM AO NACIONALISTA DE CABINDA


Calei-me até hoje porque não sabia com que palavras começar a te homenagear. Tão a sua partida foi tão surpreendente para mim meu Comandante. Aqui posto o trabalho que tínhamos feito junto há 4 anos. Um certo 8 de Novembro. Vai em paz meu velho.

Caros compatriotas!

Hoje, por ocasião do 41º aniversário do início da resistência armada em Cabinda, aproveito o ensejo para prestar homenagem à coragem de todos aqueles que sacrificaram-se e sacrificaram tanto para Cabinda. Apesar de quarenta e um anos de ocupação, o espírito e a identidade Cabindense permanecem intactos em Cabinda.

Desde um certo momento, importantes veleidades de contestações pacíficas manifestam-se dentro de Cabinda através de activistas de direitos humanos. A maioria dos participantes são jovens nascidos e criados depois de 1975, que não conhecem nada de Cabinda livre. No entanto, podemos ser orgulhosos de que sua acção é baseada na firme convicção que a luta continua de uma geração para outra, para servir a causa de Cabinda. Esta será uma fonte de inspiração para aqueles que na comunidade internacional, tem um particular interesse para o caso de Cabinda. 

Prestamos homenagem e oferecermos o nosso total apoio a todos que morreram, foram torturados e passaram terríveis sofrimentos em nome da questão de Cabinda desde que a nossa luta começou. 0 dia 8 de novembro de 1975, as forças comunistas angolanos apoiadas pelos cubanos começaram a penetrar em Cabinda pelo Congo Brazzaville, vários civis e soldados da resistência cabindense foram massacrados. Dada a situação caótica que reinava, A FLEC decidiu retirar-se nos maquís para minimizar as perdas em vidas humanas e para melhor organizar a sua luta de libertação. Desde então, Cabinda encontra-se sob a ocupação da República de Angola.

Hoje, mais do que certo do apoio e da solidariedade dos Cabindenses, posso afirmar com orgulho e convicção de que a FLEC – FAC representa legitimamente e dá voz a mais de 600.000 Cabindenses. A visão de Luanda segunda a qual uma mudança geracional de liderança política iria enfraquecer a FLEC – FAC não se concretizou e não vai se materializar nunca. A resiliência do espírito Cabindense e a nova geração de Cabindenses instruídos vai gerar uma dinâmica mais impulsiva e alimentar o movimento até que a liberdade seja recuperada em Cabinda.

Se o povo de Cabinda realmente gozasse de liberdade e igualdade, como pretende-o o governo angolano, então esse mesmo governo deveria autorizar os órgãos de comunicação social independentes a efectuar uma visita transparente e livre até nos confins de Cabinda. O caso Cabinda excede largamente apenas os direitos e bem-estar de seiscentos mil Cabindenses. Afecta hoje toda a sub-região da África Austral e Central. A singularidade da cultura Cabindense, forte da sua língua Ibinda e a sua história, devem ser protegidas. Os recursos naturais na ordem de vários bilhões de dólares são anualmente explorados para alimentar a economia angolana ao detrimento dos Cabindenses. O abate ocorrendo há décadas reduziu as essências da floresta do Maiombe enchendo à golpe de milhões de dólares as contas de generais mafiosos protegidos pelo governo de Luanda.

Na realidade, os Cabindenses são tratados como cidadãos de segunda classe. Quando os Cabindenses reúnem pacificamente e reclamam os direitos básicos como delineado pela Constituição angolana, são torturados, são atirados com bombas lacrimogéneas e são postos gratuitamente nas cadeias, como ocorreu durante as manifestações pacíficas de 14 de Março de 2015.

Em Cabinda, intelectuais, artistas e líderes são arbitrariamente detidos e encarcerados se pronunciarem a palavra FLEC ou auto-determinação. O acesso às áreas controladas pela FLEC é estritamente proibido aos estrangeiros e órgãos de comunicação social estrangeiros e internacionais. Em Cabinda há mais militares do que os Cabindenses, há mais agentes do Sinfo do que casas, mais armas de guerras do que janelas. Todo o território de Cabinda vive num estado de sítio (Lei Marcial) não declarado. Mesmo Pyongyang (Coreia do Norte ) tem uma presença mediática internacional, enquanto que não é o caso em Cabinda

O governo angolano construiu centenas de pequenos acampamentos militar em Cabinda onde estacionou muitas divisões do seu exército, começou a estender a sua rede rodoviária até às fronteiras dos países vizinhos e enviou milhares de forças paramilitares no Maiombe . Cabinda tornou-se uma das áreas mais militarizadas da região.

Hoje, as manifestações e até mesmo as reuniões pacíficas não podem ser realizadas em Cabinda. Os Cabindenses são, portanto, reduzidos ao silêncio ou levados as acções extremas, tais como a auto-defesa pelas armas. A culpa é inequivocamente dos líderes intransigentes do governo de Luanda; e, por conseguinte, a solução também. A continuação da resistência marca uma rejeição radical e total diante das promessas vazias do supostamente chamado “Memorando de Entendimento”.

A luta do povo de Cabinda não é contra o povo angolano como povo irmão, nem contra Angola como nação, mas contra as políticas de governo de Angola. O governo angolano deve reconhecer a gravidade dos problemas em Cabinda e entender que eles não podem ser resolvidos pela violência.

Esperamos que os próximos líderes angolanos vão iniciar uma verdadeira mudança e que terão a sabedoria de admitir que as políticas duras do governo em Cabinda já duraram demasiado e falharam. Sempre propusemos seguir uma via que beneficiasse aos nossos dois povos, apesar do facto de que o estatuto histórico de Cabinda sempre foi a auto-determinação e segundo a lei internacional, Cabinda desfrutar do direito à auto-gestão. Os cidadãos e intelectuais angolanos simpatizantes devem fazer um esforço para descobrir a verdade e entender a razão que leva o povo de Cabinda a manifestar e a lutar desde anos. Uma resolução pacífica para o caso de Cabinda é do interesse de Angola, dos angolanos e dos Cabindenses.

Caros concidadãos Cabindenses, o momento é este para mostrar a vossa solidariedade e apoio aos nossos irmãos e irmãs das Forças Armadas de Cabinda. Devemos fazer da educação a estreia das prioridades, de modo que os jovens Cabindenses instruídos e sensibilizados realizassem uma liderança política dinâmica e apoiam a FLEC até que Cabinda abrange a sua liberdade. O Cabindenses mais jovens devem abraçar e comemorar o orgulho da nossa herança e da nossa identidade, conversando e comendo Cabindense todos os dias.

Vamos fazer desta data esquecida uma ocasião de pressão em prol da liberdade de Cabinda. Chamo toda a juventude Cabindense para encetar os contactos necessários, para convidar, para informar o mundo sobre a situação em Cabinda e sobre os esforços de Emmanuel Nzita em prol de uma solução pacífica. Provoquem o debate sobre Cabinda usando todos os meios ao vosso alcance, enquanto nós pressionamos para que as legislações de apoio para Cabinda e aos Cabindenses sejam adoptadas internacionalmente. Iniciem as actividades que destacam a visibilidade de Cabinda e da sua luta.

Aproveito esta oportunidade para agradecer a todos os governos, organizações, grupos de apoio à Cabinda e personalidades que apoiam a nossa luta. O vosso apoio é muito e amplamente apreciado. Tenham a certeza de que a FLEC e a sua luta estão sempre presente.

Viva Cabinda!

Viva a FLEC – FAC

Comandante José da Costa Nkuso

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