
Está sendo assustador o crescimento de algumas correntes cabindesas que defendem autonomia para Cabinda. Não se entende o porquê. Isto subduz duma certa forma os verdadeiros anseios do povo de Cabinda.
Texto de LeoTon Mabiala*
É vulcânico ouvir de certos cidadãos cabindêses, muitos deles conhecedores das causas e circunstâncias que levaram com que o Bento Bembe e o seu grupo sedimentar, assinarem o “memorando de entendimento para paz em Cabinda”, consequentemente o “estatuto especial para Cabinda”, virem ao público defender uma possível implementação deste memorando por parte do governo angolano, quando até a própria constituição angolana nem se dá o luxo de o mencionar.
Me lembro que na véspera da assinatura deste memorando entendimento, muitas individualidades de peso em Cabinda foram perseguidas pelos agentes da secreta do regime e muitos deles acabaram por ser detidos. Aquele foi um dos momentos mais triste na história do nacionalismo cabindês. Naquele período, vários cidadãos de Cabinda contestaram, mas hoje, por incrível que pareça, muitos daqueles que no passado bateram de frente contra a assinatura deste triste e fatídico processo, são os mesmo que querem recordar ao regime angolano a implementação da mesma.
É importante que entendamos o tipo de sistema de governação que é implantado em Cabinda, onde as políticas que os angolanos dizem ser boas para governar Cabinda, não passam duma mera ilusão e distração, com finalidades pré estabelecidas e com objectivos de amenizar ou atenuar certas correntes reivindicatórias que vão piroclasticamente surgindo em Cabinda.
Para Angola, Cabinda não passa de uma vaca leiteira e mealheiro de Angola, que serve apenas para sustentar a gang corrupta angolana.
Enquanto continuar Cabinda fizendo parte do território angolano, por mais que se faça milhões de memorandos de entendimento, isso nunca irá mudar a maneira como os angolanos encaram Cabinda, nunca será diferente da maneira que encara hoje, porque para Angola, Cabinda é a sua colónia.
É crucial que se discuta uma resolução para problema de Cabinda fora do contexto angolano, porque é a partir dali que irá se pensar e decidir quê futuro poderemos dar para Cabinda. O contrário disso, teremos para Cabinda o mesmo tratamento que se dá às restantes províncias de Angola, algo que não funcionaria por causa das especificidades identitárias de Cabinda.
Não se pode governar Cabinda como se governa o leste de Angola, sul de Angola ou mesmo a outra parte norte de Angola, porque Cabinda tem um contexto diferente. Ao meu ver, Angola não está preparada, nem teria essa vontade de dar um poder político-administrativo para Cabinda diferente das outras províncias, não faria isso em circunstâncias nenhuma. Angola sempre vai defender que dar um tratamento diferenciado para Cabinda é o mesmo que dar a independência para Cabinda.
Vamos todos nos unir para a defesa dos nossos maiores objectivos como povo, a reconquista da nossa identidade e soberania.
QUE DEUS ABENÇOE CABINDA!
(*) Engenheiro e Activista de Cabinda