
Na sequência da “Grande Entrevista” com o Dr. José André Chiânica Brás, activista de Cabinda concedida à MBEMBU BUALA PRESS (A Voz de Cabinda), passamos assim a emitir a segunda parte.
Chiânica Brás, começou por fazer uma avaliação da actual situação política, social, militar e sobretudo ao estado da situação macro económica do “Território de Cabinda” que sem rodeios afirmou que o território de Cabinda é uma região “Instável”, mesmo que essas alegações sejam somente “uma tempestade em copo de água” como alegou o Presidente angolano, João Lourenço numa das suas deslocações à Europa em visita de Estado.
A instabilidade que Chiânica Brás, aponta está directa ou indirectamente relacionado com o longo diferendo político-militar que opõe os Cabindas e as autoridades angolanas (MPLA) que de uma ou de outra forma acabam por afectar o desenvolvimento económico-social do Território.
“Do ponto de vista social nós não estamos bem, não temos boas escolas, não temos bons hospitais, qualquer situação para que a pessoa sobreviva deve recorrer aos Congos. Não há um investimento sério em Cabinda, mas tudo é propositado para tornar esse povo mais atrasado de formas a pensar menos, a exigir menos”, denunciou o activista Cabindense que não ficou por aí!
“E nós que vamos conseguindo enxergar isso, temos a missão de passar a mensagem aos outros. E até digo te que quem poder pegar nos filhos mandar mesmo nos Congos ou mesmo até na parte de Angola, onde o ensino vai aparecendo com alguma qualidade, visto que precisamos formar os homens de amanhã, as pessoas que vão dar sequência a essa luta”, acrescentou Chiânica Brás.
Independentemente de tudo o “independentista” espera que os projectos em curso e os anunciados recentemente pelo governo angolano, após a conclusão tragam uma mais valia para o desenvolvimento do território, pese embora que muitos estão paralisados e dos recentes, muitos se quer saíram do lançamento da primeira pedra!
Já para o desenvolvimento socioeconómico do território, Chiânica Brás defendeu a criação de pequenos investimentos para que não se fique refém dos grandes investimentos e, como proposta o activista apontou a potencialização da mão de obra local que trabalha por conta própria, como o caso dos marceneiros, ferreiros, pedreiros, alfaiates e etc. Que com ajuda do governo e dos bancos privados, trariam mais desenvolvimento no sector económico, tendo em conta as potencialidades do território em recursos próprios para o desenvolvimento de actividades do género.
Outrossim, os sectores da agricultura e das pescas, não deixaram de ser evidenciados na proposta defendida pelo activista para o tão esperado desenvolvimento socioeconómico de Cabinda que tarda a chegar.
“Temos aqui tudo para nos sentirmos felizes na nossa terra, mas o governo não olha para isso, vai olhando para aquilo que é imediato (…)”, acresceu Chiânica Brás.
Por conseguinte, Chiânica Brás reiterou que caso esses projectos fossem criados conforme defende, o governo arrecadaria mais impostos que o permitiria desenvolver outros projectos já que hoje muito se fala na diversificação da economia.
“Essa perspetiva que eu tenho. E tenho estado a dizer que se me dão Cabinda por quatro anos, não tornaria isso desenvolvido, mas lançaria bases para que Cabinda tenha pés para andar sozinho sem esperar de investimento estrangeiro” referiu ainda o economista.
Com relação as eleições autárquicas, Chiânica Brás, disse nos que é a favor, pois entende que as mesmas não vão alterar o estatuto político de Cabinda que contínua sob “Ocupação de Angola” mais poderá ser uma via para os seus filhos desenvolverem o território. E esclareceu ainda que as eleições autárquicas ao serem implementadas, não será um pretexto para que não se continue à lutar para a independência de Cabinda ou seja à implementação das eleições autárquicas não retiram aos Cabindas o seu direito à Autodeterminação.
No prosseguimento, o economista apelou aos jovens de Cabinda (os mais novos) que respeitem os mais velhos (Independentistas), independentemente dos erros cometidos, pois é graças aos seus sacrifícios que hoje a nova geração dos independentistas prossegue com à luta para independência de Cabinda.
Esses mais velhos “São nossas figuras e o respeito que formos a dar a eles, eleva essas figuras ao nível nacional e internacional, são os representantes da nossa moral”.
“A Flec por tudo que pode estar acontecer, mas é a reserva moral da nossa revolução, é uma ideologia, precisamos respeitar esse nome, essa pessoa jurídica que esta aí” pois apesar dos erros, essas individualidades e entidades têm algumas virtudes ou seja muito contribuíram para a causa”, alertou o activista que mesmo la perto do fim da nossa conversa deixou uma mensagem de solidariedade aos oito membros do Movimento Independentista de Cabinda – MIC que estavam detidos na cadeia civil de Cabinda, desde o ano transato (Dezembro de 2019) e que foram postos recentemente em liberdade “Condicional” sob termo de identidade e residência.
Nas considerações finais, o Dr. José André Chiânica Brás, não deixou de felicitar a plataforma pela iniciativa tendo incentivado nos a prosseguir à quem a Mbembu Buala Press (A Voz de Cabinda) agradece profundamente não só por ter consentido o nosso pedido de entrevista, mas sobretudo pela coragem e frontalidade na abordagem das questões apresentadas sobre à problemática do “Problema de Cabinda” e do seu Povo.
O vídeo está aqui: https://youtu.be/gUqxRVJiojQ
O nosso muito obrigado pela atenção e interação!
Texto de José Kabangu
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