OS 46 ANOS DE OCUPAÇÃO MILITAR DAS FAPLA (FAA) AO ESTADO DE CABINDA

As FAPLA, braço armado do partido MPLA, força invasora de Cabinda, completaram no dia 1 de Agosto, 46 anos de existência, um tempo proporcional ao da sua ocupação militar ao Estado de Cabinda.

A evidência, espelha bem duas situações que não se dissociam uma da outra:

1- O MPLA, não tendo um braço armado organizado durante a luta de libertação colonial, tal como o ELNA da FNLA, de quem temia chegar primeiro à Cabinda, à mando do Mobutu, praticou uma guerrilha virtual, valendo-se do apoio do seu Angola Combatente, a partir da rádio Brazzaville;

2-Somente depois do 25 de Abril de 1974, teve a preocupação de formar um braço armado com os jovens apanhados, e voluntários, admitidos, através da palavra de ordem ” todos para o interior”, pois o objectivo primário, era tomar de assalto, o Estado de Cabinda. PORQUÊ?

3- Com o 25 de Abril, ficaria mais acessível à direcção do MPLA, “entrar por onde não saiu”.

4- Os patriotas do MPLA, ao terem saído de Angola Colonial para o Congo Léopoldville, fizeram-no através das múltiplas fronteiras, na extensão de mais de 2500 km, mas nunca por via Cabinda, pois que, as autoridades do Congo Brazzaville, nem os conheciam;

5- Depois de todos os arranjos políticos e acordos aldrabados com cabindenses então residentes no Congo Brazzaville, muitos deles politicamente expostos, conquistaram a estada, embora sem apoios almejados para uma guerrilha de libertação, o que por nada alegrou ao Daniel Chipenda, Comandante Manuel Lima, Viriato da Cruz, nem ao Ernesto Ché Guevara.

Outra alternativa não houve, porque os esquadrões que tentaram rebuscar o interior de Angola, foram impiedosamente aniquilados pelo ELNA da UPA. 

Qualquer insistência, seria fatalíssimo.

6-Tomar Cabinda, onde a Flec se preparava para proclamar a independência, já viabilizada por Portugal pelo Governador do Distrito que só de lá dependia, tornando-se no Plano A do MPLA, aconselhado por Fidel Castro, Bredjeneve, Rosa Coutinho e outros, a criar imediatamente as FAPLA e, avançar para a tomada de Cabinda, donde partiria todo e qualquer apoio para inviabilizar quaisquer eleições na colónia de Angola, onde a UNITA seria de antemão, o invencível, tendo em conta os apoios que já possuía no Sul, densamente povoado.

7- Rosa Coutinho, tinha responsabilidades acrescida, pois para além de Almirante e Alto Comissário, foi o responsável da descolonização de Angola, onde veio substituir o Governador da Província, Silvério Marques.

Em toda a jogada política, estava em jogo o petróleo de Cabinda, que não seria apenas para o MPLA, mas sim, para todo o bloco dos comunistas; portugueses, cubanos, soviéticos, congoleses e etc.

Esmagar qualquer resistência em Cabinda, teria o forte apoio logístico, a partir do auto-financiamento da guerra pelo rendimento do petróleo; bem como a compra do lobby e inteligências contrárias ao status quo.

Quem hoje deve arrepender-se por tanto ter feito sem rendimentos esperados, é o então Alferes Armindo Gomes da Silva, o chefe golpista do governo de Cabinda, quando reunido para marcar a data da independência, anuída favoravelmente pela Metrópole e comandante da coluna militar que apoiou as FAPLA em marcha à tomada de Cabinda, onde ninguém esteve armado para ri-postá-los. Tudo quanto fosse da Flec, destruído naquele triste Novembro de 1974.

O sr. AGSilva, depois de ter sido o primeiro delegado do Ministério da Construção em Cabinda, posteriormente transferiu-se para Luanda, onde veio formar-se em Engenharia Civil.

8- Como se não bastasse a tomada de Cabinda em Novembro de 1974, criou várias premissas para que o MPLA, alcançasse o poder político e militar, contra os seus inimigos, a FNLA e a UNITA.

9- Um ano antes de Angola ser independente, já o MPLA tinha Cabinda em seu poder, ditando os destinos ao que ainda não lhe pertencia.

10-Realizaram o encontro de Alvor, terminado a 15 de Janeiro, onde julgavam cimentar a “razão da causa” com a anexação de Cabinda, consagrada no art. 3 do respectivo acordo. Porém, volvidos 7 meses, através do Dec. 458-A/1975-22 Agosto, Portugal suspende o Acordo de Alvor, sistematicamente violado, pelas partes consignadas, MPLA, FNLA e UNITA.

11-A colónia de Angola, torna-se independente à 11 de Novembro de 1975 sob a bandeira do MPLA, a colónia de Cabinda, torna-se Província de Angola e, Evaristo Domingos, filho de Cabinda, torna-se no primeiro Comissário (Governador) da dita Província.

12- Sugestões:

a)- Se hoje fosse reconstituído o cenário político de Cabinda, entre Portugal, a Flec e o MPLA, qual seria a sua sugestão no xadrez?

b)- Se o Acordo de Alvor fosse integralmente materializado e, se houvesse eleições na colónia ultramarina de Angola, onde a UNITA ou a FNLA viessem a ganhar. Será que o MPLA deixaria qualquer um dos vencedores governar?

Pelo menos acho que, o MPLA, nunca aceitaria os resultados eleitorais, procurando pretextos que o levariam à guerra civil, a contar com os apoios dos aliados comunistas, fundamentalmente o internacionalista cubano que já se fazia presente.

CONCLUSÃO

1- A situação político-militar, prevalecente em Cabinda, é da inteira responsabilidade do MPLA que tudo faz, para anexar o território de Cabinda à Angola. 

O MPLA, sobre Cabinda, assume-se pela responsabilidade política, enquanto a administrativa é exercida ilegalmente por Angola, como sua Província e que, mercenariamente a defende com as suas Forças armadas. 

A presença das FAA em Cabinda, só reafirma a invasão, pelo facto de serem forças de um Território ao qual não integra.

Em nada justifica a tendência de se realizar um referendo em Cabinda, pois que, neste momento, o dito registo civil gratuito a ser realizado, tem sido uma “engenharia” visando registar um número superior de cidadãos não naturais de Cabinda que, uma vez lá colocados, o MPLA (proibido a perder) aceitará realizar o referendo que hoje nega, para que o “não” lhe venha valer. Todo o cuidado é pouco.

O exemplo da América na Ásia, na guerra de Vietname, deve repetir-se na África Central, em Cabinda.

Homem algum consegue unir o que Deus separou.

Texto de Emmanuel Nzita, Presidente da Flec Fac

Mbembu Buala Press (A VOZ DE CABINDA)

Deixe uma resposta

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.