A cidade de Tchiowa, capital do Território de Cabinda testemunhou nos dias 25 e 26 de Junho do corrente ano, no salão paroquial da Se Catedral (Rainha do Mundo), sob o lema: diálogo, concertação, consenso para a coesão interna, a reunião entre, organizações políticas e cívicas de Cabinda, com o senhor José Sumbo, ‘porta-voz do MPLA’ e general reformado das FAA, com a mediação de organizações ocultas e duvidosas.
Reunião essa que foi marcada por um grau de desorganização (propositada ou não), mas que mina desde de logo a transparência do processo que se quer apressadamente efectivar em nome do sofredor Povo de Cabinda.
A principal proposta (a criação de uma comissão técnica para eventual realização de uma reunião intercabindesa) do “SINSE e do MPLA”, apresentada no encontro, levou um não bem patente por parte do Presidente do Movimento de Reunificação do Povo de Cabinda – MRPCS, Arão Bula Tempo que ao ouvir-la, deixou claro e patente que não assinará nenhum documento sobre a proposta em questão.
Os participantes deveriam se interrogar, como foram parar numa reunião supostamente entre Cabindas, facilitada por uma ONG Angolana (que se deslocou a Cabinda especificamente para o encontro) que ninguém conhece, e, sem prévio aviso (desta facilitação) pela organização! Acho que não precisamos ser super dotados para percebermos como isto vai culminar. Ainda bem que se trata de uma acção embrionária, pois ainda vão a tempo de inviabilizar.
Iniciativas que arrancam sem o mínimo de transparência.
A propósito, não será ainda este conclave à nível organizacional um reeditar da Inter-Cabindesa do Gana de 2019 que segundo o Padre Raúl Tati, teve o ‘beneplácito do Presidente da República de Angola, João Lourenço que engajou a sua equipa dos Serviços de Inteligência Externa (SIE) na organização do evento’ que decorreu no Centro Internacional de Treinamento para a Manutenção da Paz Koffi Annan (KAIPTC).
Agora! Começo a entender o por que da insistência por muitos de que é mais difícil resolver o Conflito do Problema de Cabinda entre Cabindas do que com o Executivo do MPLA.
E agora eu pergunto: Pode um general do MPLA embora seja de Cabinda encontrar uma solução viável para o Conflito do Problema de Cabinda que não favoreça o MPLA? (TI U FUA KALA. NEM SE QUER DEVERIAS TER REGRESSADO).
E que torne Cabinda independente da ocupação angolana e dos vários grupos de interesses! Que a resposta fique por vossa conta para não correr o risco de ser chamado de pessimista, invejoso ou quiça de tribalista…
E o mais caricato em tudo isso é que o enviado do o lobo na pele de cordeiro só quer ouvir, o posicionamento dos demais e desconhece-se a sua posição concreta.
Senhor general José Sumbo que foi recebido em audiência por Sua Excelência João Manuel Gonçalves Lourenço, presidente da república de Angola a quem apresentou propostas para a solução de alguns problemas económicos e sociais em Cabinda, diga-nos das três propostas que insiste em ouvir dos outros qual é a vossa e por quê?
– Autonomia,
– Independência ou
– Integração (forçada) à Angola.
Aproximam-se as eleições gerais em Angola e, tendo em conta os resultados do último pleito eleitoral no território, ao MPLA urge a necessidade de animar os Cabindas com propagandas do género. E essa estratégia do MPLA e do SINSE de tentar a todo custo impor uma comissão negocial, reunindo os Cabindas para discutirem sobre o que o povo quer. Há muito que está ultrapassada. Talvez não para o Bureau Político do MPLA que tem uma estratégia bem definida contra o Povo de Cabinda.
A mudança de paradigma que o governo angolano impôs ao FCD de Bento Bembe foi uma soberana oportunidade em se podia ter resolvido o Conflito do Problema de Cabinda, mas aproveitou-se da situação para impor uma integração à Angola(sem efeitos) a sua maneira, como não foi possível silenciar os que pensam contrariamente, os que defendem as verdadeiras aspirações do Povo de Cabinda, querem agora institucionalizar mais uma nova manobra, para ver se queimam todos e, com ajuda de alguns Cabindas oportunistas.
Para não sermos longos, apesar de que ainda precisarmos de muita tinta, vamos nos concentrar em dois pontos que muitos insistem em afirmar que os Cabindas desconhecem:
1 – O QUE FAZER?
Conviemos e convenhamos que não é um bicho de sete cabeças ao menos que uns tenham já pré-agendas concebidas contra as verdadeiras aspirações do Povo de Cabinda. Devemos partir do pressuposto que o Conflito do Problema de Cabinda não se cinge no âmbito interno de Angola, mas sim, no externo ou seja há muito que o Conflito do Problema de Cabinda faz ecos a nível internacional e a última vez foi:
A quando do cessar-fogo da Flec Fac de 13 de Abril de 2020, que mereceu o reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) ao incluir a organização independentista de Cabinda no leque dos 16 Grupos Armados que aderiram o apelo de António Guterres, Secretário-Geral da ONU, reconhecendo assim de juri e de facto que em Cabinda existe sim um “Conflito Armado” quer seja de baixa ou alta intensidade. Só para vos recordar!
Dito isto! Partiríamos para as seguintes propostas.
Se o governo angolano está interessado em resolver o Conflito do Problema de Cabinda:
-Deve este contatar à Organização das Nações Unidas – ONU para mediar a resolução do conflito.
– Que por sua vez conctará os movimentos independentistas de Cabinda e etc como mediador.
Ou seja Angola não precisa de porta-vozes, sabe aonde ir e, com quem ir ter se realmente está interessada em resolver o Conflito do Problema de Cabinda.
Agora, a velha história de que quem foi recebido sei lá aonde, quem já fez assado e cozido ou ainda quem já endereçou cartas sei lá aonde sobre Cabinda é quem tem de organizar os Cabindas está a muito ultrapassada. Nem mesmo os angolanos se uniram para negociar com Portugal, nos pós 25 de Abril!
Para reforçar essa manobra, até simularam um debate/conversa sobre Cabinda numa rádio angolana só para o inglês ver. Quando muito recentemente o governo de Cabinda e as forças de defesa e segurança angolanas impediram a realização de uma conferência sobre o futuro de Cabinda que teria como prelectores Arão Tempo, Padre Jorge Casimiro Congo e o Padre Raúl Tati. Ou seja as iniciativas viáveis, sobre o Território de Cabinda, só devem ser no quadro da angolanidade e do MPLA.
De repente nos querem fazer acreditar que o MPLA mudou e, acham que nós vamos acatar essa falácia!
Saudo e corroboro da análise de José Da Costa Binda, sobre o MPLA em relação a resolução do Conflito do Problema de Cabinda.
‘Em 2010, com maioria de dois terços do MPLA aprovou-se a Constituição angolana à medida do presidente Eduardo dos Santos, sem respaldar, enquanto Matter Legis, Lei Suprema, os ditames previstos no tal memorandum do Namibe (2006).
No ano corrente, com maioria qualificada do MPLA é proposto e aprovado à revisão constitucional sem se incluir sequer, na proposta de revisão pontual de iniciativa PRESIDENCIAL-MPLA, as omissões relativas à atribuição do estatuto especial.
Mesmo com essa falta de vontade reiterada do MPLA, há quem entre nós, defende o MPLA e a utilidade do FCD. Ou somos muito burros ou muito inocentes.’
As manipulações do MPLA e do SINSE para se resolver o Conflito do Problema de Cabinda já mais terão êxitos com os verdadeiros Movimentos Independentistas de Cabinda, pois estes nunca permitiriam a repetição dos erros de 2006, como agora estão a pressionar e obrigar alguns!
2 – COMO FAZER?
Acham que o MPLA e a Secreta Angolana disfarçadas em ONG aceitarão financiar um conclave entre Cabindas para libertarem o território da ocupação angolana? Claro que não! Desta vez vos darão novamente para degustar um Estatuto Especial (sem respaldo constitucional e revisado a maneira Mplista) ou seja Vão vos impor sim um Estatuto da Ocupação Definitiva.
O próprio general José Sumbo, esclareceu antes da audiência com o Presidente de Angola, João Lourenço que solicitou a mesma para ‘apresentar propostas para a solução de alguns problemas económicos e sociais em Cabinda’.
Sendo esta à intenção não precisamos de realizar uma Inter-Cabindesa, pois essas soluções podem ser viabilizadas se o MPLA e o seu governo assim acharem no quadro das muitas e falsas promessas eleitoras que não são cumpridas há mais de 40 anos, a contar pelo tempo que expoliam os recursos do Território de Cabinda.
Como fazer afinal!?, aqui se encaixa muito bem a mediação internacional que será de suma importância para a resolução do Conflito do Problema de Cabinda. Pois, o que for acordado será implementado com a supervisão da comunidade internacional e o MPLA não terá margens de manobras.
Resta saber se o governo angolano aceitará sentar numa mesa de negociações com Cabindas e, com mediação do Conselho de Segurança da ONU, ver para crer, pois para este o Conflito do Problema de Cabinda não existe ou seja os Cabindas só fazem tempestade em copo de água. E para o resolver basta oferecer cargos a uns Cabindas atrapalhados com o seu próprio bem estar e edificar algumas obras inacabadas e já está!
Se o MPLA, o SINSE e seus enviados têm dúvidas sobre as verdadeiras aspirações do povo de Cabinda que consultem a ONU para a realização de um referendo (Livre, Transparente e Fidedigno) e, dai saberão que o povo de Cabinda quer à sua Autodeterminação, que o povo de Cabinda quer e sempre exigiu à independência do Território de Cabinda.
Que o diga o senhor José Sumbo, como recentemente testemunhou no encontro com a Ecclesia, a contar com as perguntas que a si foram dirigidas e não só. Se não ouviu oiça no video em anexo. Estas são as respostas sobre o que querem os Cabindas para o seu Território.
Se o MPLA, continua a saber que as negociações sobre Cabinda devem decorrer na base do direito internacional, porque razão não fez questão de respeitar essa cláusula a quando da assinatura do instrumentalizado memorando de 2006 e na recente revisão constitucional de Angola.
E que fique bem claro, as especificidades do território de Cabinda não foram adquiridas com assinatura do memorando de entendimento. Mas sim muito antes disso, essas estão plasmadas nos Tratados Internacionais sobre Cabinda, rubricados com a Coroa Portuguesa de (1883-1885), nas Resoluções da ONU, OUA de (1960), nas constituições portuguesas de 1933 até 1976.
E as provas estão ai na legislação portuguesa já citada (Cabinda é uma entidade autónoma de Angola); No mapa das Nações sobre opressão colonial (Cabinda é n.27 e Angola 28, territórios distintos) e na Carta da OUA dos territórios a descolonizar (Cabinda é 39 e Angola é 35, territórios separados).
O número de organizações, movimentos independentistas, associações, fóruns e etc, que lutam para emancipação do povo de Cabinda não é um problema do presidente da República de Angola, João Lourenço e nem se quer do governo angolano e muito menos do MPLA e das Secretas Angolanas, mas sim de Cabinda e do seu Povo.
Porém, como escreveu um compatriota de Cabinda, “a unidade é uma virtude muito preciosa que caracteriza a maturidade política de um povo, neste sentido todas iniciativas contundentes à esse desiderato devem estar blindados de seriedade e transparência.
Pois trata-se de um valor intrínseco que faz a unidade e a força de um povo no sentimento, na vontade, na visão e na acção. Para nós os Cabindas à autodeterminação é a melhor via para que o nosso povo possa viver em paz, com dignidade e segurança”.
Hoje é ponto assente e evidente que o governo invasor angolano, só aceita negociar o Conflito do Problema de Cabinda, apenas com os interlocutores que tem a capacidade de subornar e rejeita qualquer contacto DIRECTO com aqueles Movimentos Independentistas que defendem verdadeiramente Cabinda e o seu Povo. Ainda assim a última palavra é do Povo de Cabinda!
Em jeito de conclusão deixo vos um estrato do artigo do Padre Raúl Tati, publicado no jornal o kwanza no ano passado sobre Cabinda, reflexão intemporal como os Salmos da Bíblia (para os crentes) e que se encaixa perfeitamente no caso em questão.
‘Um dos problemas fundamentais que tem estado a impedir a evolução do conflito de Cabinda para uma solução é a falta da verdade. Há muita mentira e muita manipulação. Isso faz parte do jogo na medida em que a manipulação é usada como arma de diversionismo. Foi assim durante o nazismo cuja máquina de propaganda concebida pelo oficial Yosef Goebels transformava as mentiras inverosímeis em verdade pela sua contínua repetição.
Mas a Alemanha saiu derrotada. É o que estão a fazer com a situação em Cabinda. Mas isso não vai dar bons resultados, pois tem apenas o mérito de perpetuar o conflito. Os dirigentes angolanos acabam por fazer um papel ridículo, porque nos dias de hoje o controle da informação é uma miragem porque a sociedade tem diversificadas fontes de informação.
Quando a comunicação institucional navega no pântano corrosivo da desinformação, perde credibilidade diante da opinião pública. A sabedoria dos Cabindas ensina que podemos comer ginguba debaixo do rio, mas a casca virá sempre ao de cima.
Texto de José Kabangu
SINSE E MPLA ARQUITETAM UMA NOVA INTER-CABINDESA, em primeira mão na https://avozdecabindambembubuala.com/ Mbembu Buala Press.
À todos os Movimentos que reivindicam à Autodeterminação de Cabinda.
SE AS RECOMENDAÇÕES, SUGERIDAS FOREM CONTRA À VOSSA AGENDA, SAIBAM DE ANTEMÃO QUE O POVO DE CABINDA, NÃO ESTÁ À VENDA PORQUE NÃO É MERCADORIA, E NÃO VOS APOIARÁ NESSA AVENTURA, TAL E QUAL COMO FEZ COM BENTO BEMBE.
PARECE MAIS UM TEATRO QUE ESTÁ A SER MONTADO PARA FAVORECER ANGOLA E O MPLA, CASO O PLANO SE EFETIVE. QUE SERVIRÁ COMO JUSTIFICATIVA PERANTE A COMUNIDADE INTERNACIONAL PARA O SILENCIAMENTO DO ÍMPETO INDEPENDENTISTA DO POVO SOFREDOR DE CABINDA.
QUE LUTA POR UMA CAUSA JUSTA!
Que não se confunda a questão do desenvolvimento de Cabinda(que é justo, pelo tempo que já exploram as riquezas do território) com a resolução do Conflito do Problema de Cabinda que nada tem haver com as eleições em Angola de 2022 e que não pode ser resolvido as pressas. Os erros de um passado recente deverão sempre servir como exemplo!
Cabinda não é um estatuto especial e muito menos uma autarquia supra municipal!
Cabinda não é uma região autónoma!
CABINDA É UMA NAÇÃO E O SEU POVO TEM IDENTIDADE PRÓPRIA!
DIGA NÃO AS FALSAS NEGOCIAÇÕES SOBRE CABINDA ENTRE O MPLA E OS SEUS AMULETOS QUE MAIS ESTÃO PREOCUPADOS EM RESOLVER PROBLEMAS PESSOAIS.
© 2021 VOICE OF CABINDA – MBEMBU BUALA PRESS, PELA VERDADE E JUSTIÇA – CABINDA ACIMA DE TUDO E DE TODOS.
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